O rapper Mo Chara, do grupo rap da Irlanda do Norte Kneecap, acusado de exibir uma bandeira do movimento islamista libanês pró-Irão Hezbollah num concerto em Londres, compareceu num tribunal britânico na quarta-feira, acusado de "infração terrorista".

Centenas de manifestantes reuniram-se para apoiar o cantor de 27 anos, cujo verdadeiro nome é Liam O'Hanna, no Tribunal de Magistrados de Westminster.

Alguns dos seus fãs entoaram cantos como "Liberdade para a Palestina", enquanto outros hasteavam bandeiras palestinianas e irlandesas ou cartazes que pediam a absolvição de Mo Chara.

Após a audiência, os manifestantes aplaudiram o rapper, que chegou ao local com um keffiyeh palestino enrolado no pescoço e deixou o tribunal em liberdade, já que o juiz adiou o veredito para 26 de setembro, após três horas de deliberações.

Manifestantes apoiam o grupo rap Kneecap a 20 de agosto de 2025

Mo Chara estava acompanhado pelos dois membros do grupo, que se sentaram no fundo da sala do tribunal.

"Obrigado a todos por terem vindo", declarou o rapper após a audiência. "Esta história é mais importante do que eu. É mais importante do que os Kneecap", acrescentou, considerando que o seu grupo foi "uma distração em comparação com a verdadeira história".

Também incentivou que os seus fãs continuem a "falar sobre a Palestina".

O grupo da Irlanda do Norte tem aparecido na esfera pública nos últimos meses pelo seu apoio à causa palestiniana.

No fim de junho, os Kneecap subiram ao palco do festival Glastonbury apesar de um pedido do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para que fossem retirados do evento.

A 21 de maio, Mo Chara foi acusado de exibir uma bandeira do Hezbollah, considerado como terrorista no Reino Unido, durante um concerto em Londres no dia 21 de novembro de 2024.

Tanto o Hezbollah quando o Hamas são proibidos no Reino Unido e é crime expressar apoio a estes grupos armados.

Há poucas semanas, o governo húngaro, muito próximo de Israel, decidiu proibir a entrada do trio, que se deveria apresentar num festival naquele país.

Fundados em 2017, os Kneecap defendem a reunificação da Irlanda e consideram o seu idioma um grito "anticolonialista" contra o poder britânico.