Em declarações à agência Lusa sobre o disco que é lançado na sexta-feira, Beatriz Rosário disse que “é um álbum intenso de transformação e autoconhecimento”, no qual assina alguns temas com outros músicos e letristas numa “viagem que começou em 2022”.

A cantora contou como começou no fado, onde encontrou algumas das suas referências, como Amália Rodrigues. Natural de Coimbra, Beatriz Rosário desde cedo procurou a música em Lisboa, onde se deslocava com frequência.

Nessas viagens à capital, frequentou casas de fado e teve contactos com a fadista Maria da Fé e os músicos Mário Pacheco, Carlos Manuel Proença, José Manuel Neto e Ricardo Dias.

“Tive sempre esta paixão pelo fado e por Lisboa”, disse.

“Alfa” não é, contudo, um disco de fado, antes um álbum “de outras paragens musicais, de mistura”.

Sobre o álbum, Beatriz Rosário disse: “Eu diria que é uma viagem com partida em Coimbra, de certa forma eu baseei-me em ‘Coimbra tem Mais Encanto’ e ‘Madalena’, que já existem no repertório académico de Coimbra, mas aos quais fizemos ligeiras alterações no que toca à parte lírica de ‘Madalena’ e na melódica em ‘Coimbra tem mais encanto’".

A cantora referiu que adaptou os temas a um registo com um tom feminino e, no caso de “Madalena”, o que interpreta “é uma resposta” ao tema tradicional interpretado por homens. A "sua" "Madalena" "reporta a vontade de uma voz ativa, enquanto mulher na sociedade e um ser livre”.

A partir dos dois temas ligados à tradição coimbrã, no álbum, passa-se para um reportório de temas criados em estúdio, em comunidade, com vários artistas, tendo convidado, entre outros, Bárbara Tinoco, Murta, Ivo Lucas e “produtores contemporâneos para dar uma abordagem mais urbana e pop”, entre eles, Feodor e Filipe Survival.

A ideia “foi tentar unir o tradicional a uma produção mais urbana, e à música pop”.

Beatriz Rosário assinou um anterior álbum apenas como Beatriz, constituído apenas por fados. Agora, “Alfa” é assumido como o primeiro álbum de uma nova identidade artística sem se escusar a, um dia, voltar a gravar fado.

“Efetivamente, eu comecei no fado tradicional, agora estou a fazer uma fusão e a descobrir novos terrenos sonoros, o que desperta em mim uma grande curiosidade e interesse em estúdio”, afirmou

Em “Alfa” decidiu contar a sua história, “que é também a de muitas outras pessoas”.

A intérprete traçou uma analogia com as viagens de comboio “Alfa” entre Coimbra-B e Lisboa-Santa Apolónia, “e aí começa toda a viagem de autoconhecimento enquanto ser, que descobre o amor, que vive o amor tóxico, que vive o seu momento enquanto ser livre, que vive o seu amor intenso e eterno pela sua avó”.

“Eu andei em muitos comboios, andava sempre com uma mala atrás, semana sim, semana não, entre Coimbra e Lisboa, o comboio e a mala são dois símbolos emocionais para mim”, disse.