A viúva do escritor norte-americano Paul Auster, que morreu de complicações relacionadas com um cancro do pulmão, disse esta quinta-feira que a sua família foi "roubada" da "dignidade" após uma amiga ter rapidamente confirmado a sua morte aos meios de comunicação social.
O New York Times, citando um amigo do casal, publicou a notícia sobre a morte de Auster horas após a sua morte na terça-feira, com outros meios de comunicação a seguir o exemplo com reportagens semelhantes.
“Fui ingénua, mas imaginei que seria a pessoa que anunciaria a morte do meu marido”, escreveu Siri Hustvedt, uma estimada romancista, no Instagram.
“Ele morreu connosco, a família à sua volta, a 30 de abril de 2024, às 18h58”, disse.
"Algum tempo depois, descobri que mesmo antes do seu corpo ter sido retirado da nossa casa, a notícia da sua morte já circulava na imprensa e os obituários tinham sido publicados”, acrescentou.
Hustvedt revelou em março de 2023 que Auster, cujas obras incluíam “A Trilogia de Nova Iorque”, fora diagnosticado com cancro do pulmão.
O New York Times - o primeiro meio de comunicação a anunciar a morte de Auster - citou a amiga da família e jornalista americana Jacki Lyden como fonte, embora Hustvedt não se tenha referido diretamente a ela ou ao jornal na sua reação.
A viúva escreveu no Instagram: “Nenhum de nós conseguiu ligar ou enviar um e-mail para as pessoas que nos são queridas antes de começar a barulheira 'online'. Foi-nos roubada essa dignidade".
“Não sei a história completa sobre como isto aconteceu, mas sei de uma coisa: está errado”, notou.
Hustvedt acrescentou: "Paul nunca saiu da Terra do Cancro. Acabou por ser, nas palavras de Kierkegaard, a doença até à morte", referindo-se ao filósofo dinamarquês do século XIX.
Auster construiu a sua reputação com romances existencialistas e 'noir' sobre escritores solitários, forasteiros e desfavorecidos que foram um grande sucesso, principalmente na Europa.
O escritor conquistou estatuto de culto nas décadas de 1980 e 1990 com a sua “A Trilogia de Nova Iorque” de mistérios metafísicos e o seu filme "Smoke", sobre as almas perdidas que frequentavam uma tabacaria em Brooklyn.
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