"Fiquem com o vosso velho mundo, queremos um sem sexismo e violência sexual": um movimento que junta várias associações feministas convocou manifestações para quinta-feira em França, três semanas após o apoio dado pelo Presidente Emmanuel Macron a Gérard Depardieu, acusado de crimes sexuais por várias mulheres.
“Apelamos a todos aqueles que defendem os direitos das mulheres, das crianças e das minorias de género, e que recusam a violência sexista e sexual, para manifestações”, escreveu o coletivo Grève féministe num comunicado.
"Houve progresso desde o #Metoo. Não permitamos que este progresso seja destruído por comentários irresponsáveis, graves e sexistas do Presidente da República, que minaram os direitos das vítimas e os direitos de todas as mulheres e crianças”, acrescenta o texto.
Uma manifestação está marcada para as 18h00 em Paris. Outras foram anunciadas em cerca de trinta cidades, incluindo Marselha, Lille e Lyon.
Convidado do canal público France 5 a 20 de dezembro, Emmanuel Macron apoiou Gérard Depardieu – acusado de violação e alvo de três queixas por agressão sexual ou violação que refuta –, chamando-o de “grande ator” que deixa “a França orgulhosa” e denunciando uma “caça humana”.
Os comentários do chefe de Estado, feitos após a transmissão noutro canal público de uma reportagem durante a qual o ator multiplica comentários misóginos e insultuosos frente a mulheres durante uma viagem à Coreia do Norte chocaram parte da nação.
Associações feministas qualificaram as declarações do Presidente da República como “cuspir” na cara das vítimas de violência sexual e denunciaram uma “inversão de culpa”.
O porta-voz do Governo e o presidente do MoDem, partido aliado do Presidente da República, distanciaram-se desde então da posição de Emmanuel Macron: o primeiro, Olivier Véran, disse estar “chocado” com as declarações de Gérard Depardieu e o segundo, François Bayrou, declarou “nenhuma indulgência” para com o ator.
“Autoproclamado campeão da luta contra a violência dirigida às mulheres, o Presidente Macron revela-se nem mais nem menos do que um defensor dos alegados agressores”, acredita o Grève féministe, lamentando que não tenha “tido uma palavra de solidariedade com as alegadas vítimas".
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