Emmanuel Macron garantiu, numa entrevista à revista Elle desta quarta-feira, que “não houve complacência” para com Gérard Depardieu, afirmando “nunca ter defendido um agressor perante as vítimas”.
O ator francês será julgado em outubro em Paris por alegada agressão sexual a duas mulheres num local de filmagens em 2021. Também está indiciado desde 2020 por violação e agressão sexual a uma jovem atriz, Charlotte Arnould.
Várias outras queixas foram apresentadas contra a lenda do cinema de 75 anos, que nega os factos de que é acusado.
No final de dezembro, Emmanuel Macron defendeu-o, saudando um 'grande ator' que 'deixa a França orgulhosa' e denunciando 'uma caçada humana'.
“Não há complacência em mim”, disse o Presidente da República na Elle, onde aborda vários assuntos considerados importantes para as mulheres.
“Apenas uma vontade de respeitar os nossos princípios, como a presunção de inocência. Esses mesmos princípios que permitirão o exercício da justiça no próximo mês de outubro e isso é uma coisa boa”, acrescentou.
O Chefe de Estado garantiu ter “profundo respeito, boa vontade e grande confiança pelas e na palavra das mulheres” e disse ser “intransigente na questão da violação, da dominação, desta cultura de brutalidade”.
“A minha prioridade sempre foi a proteção das vítimas, e este é também o caso do caso Depardieu”, continuou.
Saudando “a coragem” das atrizes Judith Godrèche, Juliette Binoche e Isild le Besco, que denunciaram a violência sexual na indústria cinematográfica, Macron sublinha que “o destaque da verdade faz-se através da liberdade de expressão, do trabalho dos jornalistas, do trabalho dos investigadores, só a justiça estabelece a culpa”.
Emmanuel Macron recordou também a sua intenção de mudar a definição de violação em França, integrando a noção de consentimento. Os deputados estão “a trabalhar no assunto com o ministro da Justiça para que um texto proposto possa ver a luz do dia até ao final do ano”, disse.
Levada pela onda de choque #MeToo, há vários meses que se levantam vozes para que a França integre a noção de consentimento na sua legislação, tal como outros países europeus.
O movimento #MeToo “tranquilizou-me, fez-me duvidar, revelou-me coisas”, admitiu o presidente francês.
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