Em declarações no início de fevereiro, Helen Mirren disse que o seu grande amigo Ian McKellen teria "um grande problema" com o debate à volta da ideia de que apenas atores 'gay' devem interpretar personagens 'gay'.
A confirmação chegou numa entrevista divulgada esta quinta-feira, onde o ator de 82 anos, que é homossexual, pergunta-se se isso significa que lhe devem ser negadas personagens heterossexuais e a possibilidade de "explorar o fascinante tema da heterossexualidade" no teatro, cinema ou televisão.
Tanto o comentário de Helen Mirren como a reação do ator têm a mesma origem: a escolha da atriz britânica para interpretar Golda Meir, (1898-1978), a icónica (e ainda única) Primeira-Ministra de Israel, que gerou polémica nas redes sociais e foi ampliada por declarações da também atriz britânica Maureen Lipman, que defendeu "que se a raça da personagem, religião, ou género impulsiona ou define o retrato, então a correta - à falta de um [termo correto] - etnia deve ser uma prioridade" na escolha dos atores.
"Há duas coisas: o argumento é que um gentio não pode interpretar um judeu e, portanto, o argumento é que um judeu não pode interpretar um gentio?", questiona Ian McKellen durante o novo programa de entrevista de Amol Rajan para o canal BBC2.
“O argumento é que um homem heterossexual não pode interpretar um papel 'gay' e, se sim, isso significa que não posso interpretar papéis heterossexuais e não tenho permissão para explorar o fascinante tema da heterossexualidade em 'Macbeth'? Certamente que não. Estamos a representar. Estamos a fazer de conta", respondeu.
"Agora, somos capazes de perceber o que é ser Judeu? Vamos convencer um público judaico de que somos judeus? Talvez não precisemos porque estamos apenas a representar?", defendeu.
Já a ideia de deixar de fazer distinção de género nos prémios para os atores recebe o apoio total de Ian McKellen: "Acho estúpido tentar comparar um desempenho com outro, é o que penso sobre prémios. [...] Eles não estão todos na mesma pista a correr em direção à fita [de chegada]. Estão a interpretar papéis diferentes. É ridículo tentar comparar. Mas se vamos ter o processo, então claro, absolutamente sem género".
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