Em conferência de imprensa no Palácio Galveias, em Lisboa, os organizadores reconheceram que este será «o ano mais difícil» para o festival, com uma redução orçamental de quase um terço da verba investida no ano passado, sobretudo depois da edição de 2010 ter sido «provavelmente a melhor» da sua existência, com 45 mil espectadores em sala.
A redução obrigou ao fim de duas das actividades habituais do festival, que, alertam os organizadores, «afectam directamente o cinema português»: as Lisbon Screenings (sessões de filmes portugueses ainda inéditos, reservadas a profissionais estrangeiros) e os IndieLisboa Days (extensões internacionais de filmes portugueses que eram feitas ao longo do ano após o encerramento do festival).
O problema, referiu Rui Pereira, um dos organizadores do festival, foi que partiram para esta oitava edição – que decorre de 5 a 15 de Maio – com «largas expectativas» e depois foram «confrontados com a dura realidade» dos «cortes surpreendentes».
Os apoios – financeiros, mas também em bens e serviços – diminuíram, tanto a nível público como privado, implicando «ajustes na programação e nas salas», agora apenas em dois dos anteriores espaços – o Cinema São Jorge e a Culturgest –, aos quais passa a somar-se o recém-criado Teatro do Bairro.
Mas «não foi tudo mau» e Nuno Sena, outro dos organizadores, garante que a qualidade da programação se mantém, convicto de que «não há grandes festivais com poucos filmes». Ao contrário, a crise obrigou a uma programação «mais apurada», destacou.
Também surgiram novas parcerias, nomeadamente uma «muito desejada» com a Cinemateca, que vai albergar a secção Herói Independente, nesta edição dedicada ao realizador Julio Bressane, «uma espécie de Manoel de Oliveira brasileiro» mas mais novo, homenagem que pretende também dar «um maior destaque» ao cinema do gigante sul-americano que fala português.
Dirigido aos «novos realizadores», um workshop em parceria com a Universidade Lusófona permitirá a dois dos seis alunos que mais se destaquem entrarem na escola de cinema Le Fresnoy.
Como sinal positivo, Miguel Valverde, o terceiro elemento da organização, adiantou que a um mês do início do festival já há mais de cinco mil inscrições para o IndieJúnior.
Optimista, Miguel Valverde repetiu várias vezes a palavra «acreditar». Em quê? Em que será possível manter o festival no formato que tem tido e implementar «ideias» que estão suspensas. Já Rui Pereira, o mais pessimista porque é o que lida com as contas, considera que se a crise se mantiver o Indie terá que se adaptar, o que pode obrigar a uma mudança na forma e no conteúdo.
De qualquer forma, deixaram uma proposta da programação em cima da mesa: o filme «The Anarchist Banker», inspirado na obra homónima de Fernando Pessoa, com realização alemã e argumento português, sobre «a responsabilidade dos banqueiros pela crise actual».
@Lusa
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