Redimensionado este ano para um dia em vez dos habituais três na sequência do corte do apoio da Santa Casa da Misericórdia, o festival estava agendado para sábado. O programa incluía concertos de Aldina Duarte, projeto Raia, Jordão e Eduardo Jordão com Luanda Cozetti nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha e sessão de poesia e música com José Anjos no Museu da Comunidade Concelhia.
Contudo, “a redução significativa e abrupta do financiamento da parte da autarquia” e “declarações da vereadora da Cultura a um jornal regional, em que criticou a qualidade do festival e os artistas programados”, levaram a organização a decidir pelo cancelamento, explicou à agência Lusa o fundador do Artes à Vila, Eduardo Jordão.
“Havendo uma decisão destas por unanimidade [do município], teríamos de fazer uma pausa e uma reflexão profunda sobre o trabalho de mediação cultural que estávamos a fazer na vila da Batalha, se faz sentido dar continuidade ou não”, acrescentou o responsável pela programação.
Segundo Eduardo Jordão, nas seis edições que o Artes à Vila desenvolveu em espaços do Mosteiro da Batalha e na envolvente do monumento, registaram-se “resultados inéditos, de alta qualidade e com números muito interessantes para um festival cultural em Portugal”.
“Foram seis anos de muita criatividade para ultrapassar as dificuldades, não só autárquicas, financeiras, logísticas e depois, mais tarde, o covid”, disse, num balanço sobre o percurso do festival.
O organizador sente que ficam “memórias gratificantes dos sucessos que conseguimos trazer à Batalha”, mas admite estar “muito triste” pelas “consequências para a vila” e “para os turistas”.
“A partir do momento em que há uma interrupção por via da vontade política, naturalmente, torna-se quase que inviável ou muito difícil tentar manter um festival, sabendo que há um corte bastante significativo”, acrescentou.
Um regresso do Artes à Vila no futuro é uma possibilidade que “tem que vir do lado da autarquia”.
“Depois desta situação de quase ‘vergonha’ por estarmos a cancelar com patrocinadores, com artistas” devido a “um cancelamento abrupto e despropositado” do apoio autárquico, será necessário a Câmara da Batalha “apresentar um orçamento que seja sério e credível para podermos voltar a sentar e conversar”.
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