O Festival de Cinema IndieLisboa, que começa esta quinta-feira, tem uma presença recorde de filmes portugueses a concurso, dedica uma retrospetiva ao realizador palestiniano Kamal Aljafari, celebra os 50 anos de democracia e propõe sessões numa piscina.
A 21.ª edição do IndieLisboa abre no Cinema São Jorge com o documentário “I’m not everything I want do be”, de Klára Tasovská, sobre a artista checa Libuse Jarcovjáková, de 72 anos, a partir dos seus diários e de um intenso arquivo fotográfico que atravessa os anos 1970 e 1980.
A competição portuguesa, um dos pontos centrais da programação, conta este ano com um recorde de oito longas-metragens e 18 ‘curtas’, todas em estreia nacional ou mundial.
Destaque para a inclusão de “Banzo”, de Margarida Cardoso, sobre uma estranha doença que afeta um grupo de africanos ao serviço de portugueses numa ilha tropical; “Manga d’Terra”, nova incursão de Basil da Cunha no território social da Reboleira, na Amadora; e “Contos do esquecimento”, de Dulce Fernandes, sobre o passado português no tráfico de escravos, a partir de um achado arqueológico em Lagos, Algarve.
Rita Nunes, Marta Ribeiro, Diogo Costa Amarante, Catarina Vasconcelos, Clara Jost e Jorge Jácome são outros nomes presentes na competição.
O cinema do realizador palestiniano Kamal Aljafari, enquanto “ato de resistência”, também será mostrado em Lisboa. O cineasta estará em Lisboa e integra o júri oficial.
Associando-se aos 50 anos da revolução de Abril, o IndieLisboa vai recordar as campanhas de dinamização cultural e ação cívica que o Movimento das Forças Armadas (MFA) realizou pelo país, no pós-25 de Abril de 1974.
Alguns dos filmes exibidos pelo MFA vão ser mostrados no IndieLisboa, numa parceria com a Cinemateca, que encontrou cópias das obras nos seus arquivos.
Da restante programação, destaque ainda, na secção “IndieMusic, para a estreia dos filmes “Fado Bicha”, de Justine Lemahieu, e “Sur la stre nuro – Na corda bamba”, de Luís Fernandes, e, na nova secção “Rizoma”, a primeira apresentação de “Sobreviventes”, um olhar de José Barahona sobre os portugueses colonialistas e a escravatura.
Nesta mesma nova secção entram ainda, entre outros, “Desconhecidos”, de Andrew Haigh, com Andrew Scott e Paul Mescal, o documentário “No Other Land”, filme coletivo feito por ativistas israelitas e palestinianos, e “Nome”, de Sana Na N’Hada, que recua à Guerra Colonial na Guiné-Bissau.
O IndieLisboa vai estar centrado no Cinema São Jorge, Culturgest e Cinemateca, mas tem programação estendida por outros espaços, como por exemplo a piscina municipal da Penha de França, onde será possível ver alguns filmes dentro de água.
Na programação IndieJunior está o filme musical “Os amigos do Gaspar: Uma reunião na cidade”, de Duarte Coimbra, a partir do universo de uma série televisiva infantil dos anos 1980, criada por João Paulo Seara Cardoso e Jorge Constante Pereira, e já exibido no Porto.
O IndieLisboa termina a 2 de junho com “Dream Scenario”, de Kristoffer Borgli, uma comédia negra protagonizada por Nicholas Cage, no papel de um professor de biologia que começa a surgir nos sonhos de outras pessoas.
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