O realizador e argumentista canadiano Paul Haggis vai permanecer em prisão domiciliária em Itália enquanto decorre a investigação dos procuradores sobre o alegado abuso sexual de uma mulher durante dois dias.
Após comparecer no tribunal em Brindisi com o seu advogado italiano esta quarta-feira para uma audiência de várias horas onde negou as acusações de crimes de violência sexual e de danos pessoais agravados e disse que a relação sexual foi consensual, a juíza decidiu manter a detenção no hotel na cidade vizinha de Ostuni, na região de Apúlia, onde era suposto participar no festival de artes "Allora Fest".
As outras opções eram colocá-lo em liberdade enquanto decorria a investigação ou enviá-lo para a prisão.
Detido no domingo, Haggis é acusado pelas autoridades de ter, alegadamente, forçado uma jovem mulher estrangeira a ter relações sexuais durante dois dias, abandonando-a depois no aeroporto Papola Casale, perto de Brindisi, apesar das condições físicas e psicológicas "precárias" em que se encontrava.
A mulher foi assistida por funcionários do aeroporto e pela polícia aduaneira, tendo sido transportada para o hospital de Brindisi, onde foi ativado o protocolo para casos de vítimas de violência sexual, adiantou a agência EFE.
"De acordo com os elementos recolhidos, o investigado teria forçado a jovem, conhecida dele há muito tempo, a ter relações sexuais", referem as autoridades.
Os procuradores descreveram a mulher como jovem e estrangeira. A televisão estatal e outros media italianos dizem que tem 30 anos, que é inglesa e terá conhecido Haggis antes de o produtor viajar para Ostuni para participar no festival de artes.
Antes de ser conhecida a decisão da juíza, o advogado do cineasta declarou à revista Variety que este "fez um longo depoimento escrito e depois respondeu a todas as perguntas reconstruindo dia a dia – e em alguns casos, hora a hora – o que aconteceu durante os três dias em que esteve na companhia desta mulher em Ostuni”.
“As relações que ele teve com esta mulher são totalmente consensuais", disse Michele Laforgia, que acrescentou que "ao contrário do que se supõe estar presente nas acusações [contra Haggis], não há ferimentos e nenhum sinal de violência” no relatório médico emitido pelo hospital de Brindisi para onde a alegada vítima foi levada no domingo.
O realizador também "declarou a sua vontade de permanecer na Itália até que a sua total inocência seja definitivamente provada".
Paul Haggis, de 69 anos, vencedor de dois Óscares pelo filme "Colisão" e argumentista de títulos como "Million Dollar Baby" (2004) ou "Casino Royale" (2006), foi acusado em janeiro de 2018 por quatro mulheres nos Estados Unidos de episódios que vão de agressão sexual a assédio ou violação, na sequência de uma denúncia apresentada em Nova Iorque pela publicitária Haleigh Breest.
Haggis negou todas estas acusações e a sua ex-mulher apoiou-o publicamente. O julgamento ainda está pendente por causa de atrasos relacionados com a COVID-19.
Comentários