
O músico António Cassapo está a celebrar 25 anos de carreira em nome próprio, depois de mais de 30 anos de canções, com um novo álbum anunciado para setembro, um espetáculo em Sintra e a edição do primeiro vinil.
O ponto de partida remete para o seu primeiro disco a solo, o álbum "Sonho", e para o seu primeiro contrato em nome próprio, assinado em 2000, quando já tinha feito parte das bandas Butt (1992) e Negative (1993-1998), e cumprido uma passagem por um concurso televisivo (1997), em que interpretou uma canção dos Nirvana, de Kurt Cobain, a quem já dedicara a banda de tributo Sons of a Gun.
Desde 2001, soma sete álbuns - o novo assume a contagem, com o título "7" -, mais de 30 singles, concertos em Portugal e no estrangeiro, e vários temas em bandas sonoras de séries filmadas e telenovelas, que ganharam popularidade.
Em entrevista à agência Lusa, António Cassapo faz um balanço positivo da sua carreira de "altos e baixos, mais altos do que baixos", sobretudo marcada por uma "constante inquietação", e por uma atração pelo rock que desde cedo se afirmou.
O novo álbum, "7", incluirá sete temas, todos de sua autoria, entre os quais "A Música", "Setembro", "Grita" e "Olhares", será editado no próximo dia 21 de setembro, quando completa 49 anos, e terá um "QR Code" que dá acesso gratuito a 25 canções suas, para festejar uma carreira de um quarto de século a solo.
Um concerto no próximo dia 06 de novembro, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, reforça a celebração, assim como a ambição de publicar o seu primeiro 'Long Playing' (LP), em vinil.
Numa retrospetiva do percurso, o músico recorda os sete álbuns e 30 'singles', as diversas coletâneas em que participou, canções a que a e ainda o hino que compôs para "o clube do [seu] coração, que é o Benfica". "No meio disto tudo, muitos concertos em Portugal e no estrangeiro".
"Tudo com muitas dificuldades", sublinhou à Lusa, afirmando que "nem sempre foi fácil", tendo decidido tornar-se agente de si próprio, dada a ineficácia dos que tinha, que "se mexiam pouco" e o preteriam em relação a outros artistas.
"Assim faço as coisas à minha maneira", disse o músico, referindo que a carreira tomou um maior impulso desde que passou a controlá-la.
"Surgiram os festivais, as minhas canções foram escolhidas para bandas sonoras, dando uma maior exposição do meu trabalho", e passaram "a tocar nas rádios".
Cassapo lamenta o exíguo espaço dado hoje à edição física de discos nas lojas especializadas, mas continua a considerar "importante ter um álbum para se colocar na montra".
Até 2016 trabalhou com discográficas, mas ao fazer 20 anos de carreira, em 2020, o álbum celebrativo já foi uma edição de autor tal como o próximo, "7".
António Cassapo começou a compor em português, em 1999, e a delinear uma carreira a solo.
O primeiro contrato assinou-o em 23 de março de 2000. Este levou-o a assumir o nome de família e as origens alentejanas, apesar de ter nascido em Oeiras, nos arredores de Lisboa. Até então, era conhecido por Tó Martins.
Sem tradições musicais na família, mas numa casa onde se ouvia muito fado -"de Amália Rodrigues a Fernando Farinha" -, e música de intervenção, a opção pelo rock é "um ponto de honra" tomado por volta dos seis, sete anos, quando ouviu bandas como os Europe e os Heróis do Mar.
À Lusa recordou o primeiro disco que comprou, aos 10 anos, "The Final Countdown" (1986), dos Europe.
A compra seguinte foi "Circo de Feras" (1986), dos Xutos & Pontapés.
"E foi aí que tudo começou, foi a minha paixão pela música portuguesa, o rock, e foi uma bola de neve", disse à Lusa, sem deixar de referir bandas norte-americanas que o influenciaram na viragem para os anos 1990, como os Nirvana, quando já gostava de Bon Jovi, Brian Adams, Dire Straits e Beach Boys, entre outros.
A decisão estava então tomada: "Eu queria ser músico. Acordo e deito-me a pensar em música, tem de ser mesmo isto".
Começou como baterista. Na altura o seu ídolo era o Kalú, dos Xutos. Depois, em 1993, foi a vez da guitarra elétrica, com um amplificador, vinda de um amigo.
Os originais foram sempre uma opção desde o início, até porque, nessa fase, "não sabia tocar". "A única forma de aprender era a fazer músicas, pois eu não sabia fazer o que os outros faziam".
Aos 17 anos, António Cassapo iniciou uma banda com amigos, com originais em inglês e português. "O rock está cá na veia", garantiu à Lusa.
"Hoje em dia gosto de todo o tipo de música, mas aquilo que corre é o rock, não há volta a dar", acentuou.
Um dos sonhos que quer concretizar é a edição de um vinil, porque "tem uma magia incrível: lado A, lado B, o colocar da agulha e o deslizar do disco".
O músico disse que vai publicar o seu primeiro vinil ainda este ano, constituído por dez temas, entre eles "Oportunidade", "Acidente Perfeito", "Palpitação", "Reflexo", "Tudo ou Nada" e "A Música", canção que afirmou ser um desabafo seu sobre o que para si é a música, e que abre o álbum "7".
Embora some "muitos anos de cantigas", e já lhe tenha "passado centenas de vezes pela cabeça deixar isto, porque às vezes é frustrante", admite que "hoje em dia já lhe é muito difícil" deixar a música.
"Apesar da luta constante", e de ser limitado, em termos de grande público, o reconhecimento do seu talento e da energia que apresenta em palco, António Cassapo garante que vai continuar no rock em português. "Não há volta a dar."
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