O escritor franco-espanhol Michel del Castillo, autor de vários romances e ensaios de sucesso, como "Tanguy", inspirado na sua própria história, morreu na terça-feira aos 91 anos, anunciaram os seus familiares à agência France-Presse.

Autor de 45 livros, a maioria romances, Michel Janicot del Castillo nasceu a 2 de agosto de 1933 em Madrid, filho de mãe espanhola e pai francês. Depois de abandonar a mãe e o filho, o pai Michel Janicot mudou-se para França antes da Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Próxima dos republicanos, a sua mãe, Cándida Isabel del Castillo, esteve na prisão entre 1936 e 1937 e depois refugiou-se na França com o filho em 1939.

O seu ex-marido, a quem pediu dinheiro, denunciou-a às autoridades como “estrangeira indesejável” e mandou-a internar num campo de concentração para refugiados políticos no sul de França, em condições muito precárias.

Cândida entregou Michel à polícia alemã em troca da sua liberdade. Foi enviado para trabalhar nas quintas em 1942, na Alemanha, até ao final da Segunda Guerra Mundial.

Del Castillo encontraria um pouco de tranquilidade num colégio jesuíta na Andaluzia, no sul de Espanha, onde descobriu a literatura, antes de ser acolhido por um tio e pela esposa em Paris, iniciando os estudos em Literatura e Psicologia e começando a escrever.

A sua história inspirou "Tanguy: Histoire D'Un Enfant D'Aujourd'Hui", lançado em 1957, que se tornaria icónico e tornou-o reconhecido aos 24 anos.

Para além de ficções como “La Nuit du décret” (1981) ou “La Religieuse de Madrigal” (2006) e um pouco de teatro, Michel del Castillo é autor de ensaios como “Andalousie” (1991).

Outras obras que lhe trouxeram reconhecimento foram " Le Vent de la nuit" (1972), "Colette, una certaine France" (1999), "Rue des Archives" (1994) e "Dictionnaire amoureux de l'Espagne" (2005).

Em Portugal estão editados "A Morte de Tristão" (1959) e "Uma Mulher em Si" (1991).