O conselho que representa organizações judaicas da França pediu o cancelamento da apresentação durante um festival perto de Paris do trio norte-irlandês Kneecap, conhecido pela defesa da causa palestiniana e acusado de apoiar o Hezbollah.

"Ao manter os Kneecap, os organizadores transformam o Rock en Seine num festival da vergonha", declarou na quinta-feira Yonathan Arfi, presidente do Conselho Representativo de Instituições Judaicas da França (Crif), na rede social X (antigo Twitter), antes do concerto previsto para domingo.

"Estão a profanar a memória das 50 vítimas francesas do Hamas a 7 de outubro, bem como a de todas as vítimas francesas do Hezbollah, incluindo os 58 soldados franceses que morreram a 23 de outubro de 1983 no atentado no [edifício] Drakkar", em Beirute, afirmou Arfi.

O representante do Crif acrescentou que é possível haver artistas comprometidos com causas, mas não há espaço para a apologia ao "terrorismo" nos festivais franceses.

Os Kneecap eram relativamente desconhecidos até há poucos meses, mas a popularidade disparou desde que transformaram os seus concertos numa plataforma para a causa palestiniana.

No Festival de Glastonbury, realizado no Reino Unido no final de junho, acusou o Estado de Israel de ser um "criminoso de guerra".

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Um dos três membros, Liam O'Hanna, conhecido como Mo Chara, compareceu esta semana num tribunal de Londres num processo por "violação terrorista", acusado de exibir uma bandeira do Hezbollah durante um concerto em 2024.

Nesse contexto, a localidade de Saint-Cloud, um subúrbio de Paris onde acontece o Rock en Seine, retirou pela primeira vez o subsídio de 40 mil euros concedido ao festival.

Na França, o grupo apresentou-se sem incidentes no festival Eurockéennes de Belfort e no Cabaret Vert de Charleville-Mézières.

Para esclarecer as posições dos artistas, foram realizadas "conversas" com os representantes dos músicos e os organizadores do Rock en Seine receberam a "confirmação" de que "não haverá tumultos", segundo o diretor do festival.

"Qualquer declaração de caráter antissemita, apologia ao terrorismo ou incitação ao ódio" será "objeto de procedimentos judiciais", advertiu o ministro do Interior, Bruno Retailleau, numa carta em resposta a Caroline Yadan.

Esta deputada da 8ª circunscrição dos franceses residentes no exterior, que inclui Israel, pedira ao ministro que se manifestasse sobre o tema.