
O realizador português Miguel Gomes está entre os 534 mais recentes convidados para integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, anunciou na quinta-feira a organização que entrega os Óscares em Hollywood.
Em comunicado, a Academia - que reúne cerca de 10.500 membros a nível mundial em 19 ramos técnicos - referiu que os convites foram feitos a "artistas e executivos que se distinguiram pelos seus contributos para o cinema".
"Através do seu compromisso para com a criação cinematográfica e para com a indústria do cinema em geral, estes indivíduos excecionalmente talentosos deixaram contributos indeléveis para a nossa comunidade global", afirmaram o presidente executivo da Academia, Bill Kramer, e a presidente da instituição, Janet Yang, citados no comunicado.
A lista de 534 convidados inclui ainda várias figuras do cinema brasileiro, desde a atriz Fernanda Torres, protagonista do recente vencedor do Óscar de Melhor Filme Internacional "Ainda Estou Aqui", à figurinista Claudia Kopke, passando pelos realizadores Daniel Filho e Gabriel Mascaro ou a produtora Maria Carlota Bruno.
Também o espanhol Albert Serra, que tem realizado vários filmes com coprodução portuguesa, integra a lista de convidados.

Entre os atores convidados, destacam-se Gillian Anderson, Monica Barbaro, Dave Bautista, Yura Borisov, Rachel Brosnahan, Jodie Comer, Emma Corrin, Kieran Culkin, Stephen Graham, Ariana Grande, Paul Walter Hauser, Mikey Madison, Jason Momoa, Adriana Paz, Aubrey Plaza, Margaret Qualley, Andrew Scott, Sebastian Stan e Jeremy Strong.
Muitos dos convidados são nomeados e premiados na última cerimónia: uma das poucas exceções é a atriz espanhola transgénero Karla Sofía Gascón, protagonista de “Emilia Pérez”, envolvida em polémica durante a temporada de prémios por causa de afirmações antigas de caráter racista e xenófobo.
Se aceitar o convite da Academia, Miguel Gomes junta-se a um seleto grupo de portugueses que foram convidados no passado, como a diretora de 'casting' Patrícia Vasconcelos, os produtores Bruno Caetano e Luís Urbano ou os realizadores Abi Feijó, João González, Mónica Santos e Regina Pessoa.
Nascido há 53 anos em Lisboa, Miguel Gomes tem levado o cinema português e os seus retratos de Portugal além-fronteiras, junto da crítica internacional, mas também dos júris dos festivais.
No ano passado, com o filme "Grand Tour", venceu o prémio de melhor realizador no festival de Cannes, distinção conquistada por um cineasta português pela primeira vez.
Miguel Gomes soma vários outros prémios em festivais internacionais, nomeadamente o prémio da crítica do festival de Berlim com "Tabu" (2012), o prémio de melhor realizador (repartido com Maureen Fazendeiro) no Festival Mar del Plata (Argentina) com "Diários de Otsoga" (2021) e o prémio especial do júri em Guadalajara (México) com "Aquele querido mês de agosto" (2009).
Sobre o próximo filme, com produção de Uma Pedra no Sapato, já se sabe que se intitula "Selvajaria" e é inspirado no livro "Sertões", do escritor brasileiro Euclides da Cunha, que Miguel Gomes considera "um dos melhores livros de sempre escritos em português"
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