Inaugurada em outubro, a mais recente exposição temporária da Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, centra-se no arquivo de Noémia Delgado, entregue à instituição após a morte da realizadora em 2016, aos 82 anos.

"Para noémia., desarrumámos o arquivo pessoal de Noémia Delgado e insinuamos a figura poligonal da realizadora de MÁSCARAS, num percurso avesso à linearidade e errante como foi a sua carreira", assinala a Cinemateca Portuguesa em comunicado enviado ao SAPO Mag.

"A Sala dos Carvalhos, colo desta exposição, destapa a intimidade dos seus desenhos, prática artística a que se dedicou durante toda a sua vida, crónicas e poesia, e nas duas salas adjacentes, o percurso dilata-se sobretudo pela prática cinematográfica, a arte que Noémia mais terá prezado e o seu maior malogro, ou não tivesse sido tantas vezes abandonada pelas instituições que a regulam ou financiam", acrescenta.

"As suas ideias no papel, para tantos filmes que nunca chegaram a materializar-se em película, ocupam as paredes da Sala 6x2 e da Sala dos Cupidos, num ensaio de trazer Noémia à superfície e de reafirmar a sua importância no cinema português", pode ler-se ainda.

A exposição, de entrada livre, está aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 14h00 às 19h30.

Noémia Delgado esteve ligada ao Cinema Novo português e foi casada com o poeta Alexandre O'Neill. Nascida em Angola, trabalhou como assistente de realização do alemão Thomas Harlan no documentário "Torre Bela" (1977), tendo também colaborado com Paulo Rocha ou Manoel de Oliveira.

O documentário "Máscaras", estreado em 1976 e inspirado nos trabalhos etnográficos de Benjamim Pereira, será a obra mais emblemática de um percurso que também passou pela televisão (através da realização de documentários e séries).