
Mais de 50 obras, entre as quais pintura, desenho, ilustração, cartaz ou assemblage, provenientes de coleções públicas e privadas em Portugal, completam a mostra que dá ainda a ver ao público documentação histórica, disse à agência Lusa fonte do Atelier-Museu.
Entre as obras que os especialistas consideram das mais emblemáticas do artista serão mostradas “O Almoço do Trolha” (1946-50), “Gadanheiro” (1947), “Varina Comendo Melancia” (1949), ou Guantánamo I (2004), acrescenta o organismo.
Telas raramente vistas como “Carpinteiros” (1955) ou “Marcha” (1946), assim como os desenhos feitos pelo artista enquanto esteve preso na Prisão de Caxias, em 1947, estarão também patentes na mostra.
“Neorrealismos, ou a politização da arte em Júlio Pomar” apresentará ainda cartazes que o autor realizou para celebrações de efemérides ligadas à Revolução do 25 de Abril de 1974 e as ilustrações que concebeu para o romance “A Selva” de Ferreira de Castro.
A releitura proposta pela exposição “conjuga uma diversidade de idiomas, formatos e tempos, procurando repensar a complexidade das modalidades e a permanente variabilidade das relações entre a arte e a política no último meio século”, acrescenta o Atelier-Museu Júlio Pomar.
Com curadoria de Afonso Dias Ramos e Mariana Pinto dos Santos, a mostra pode ser vista de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, até 2 de novembro.
Nascido em Lisboa em 10 de janeiro de 1926, Júlio Pomar foi dos pintores com obras “mais relevantes produzidas no contexto do neorrealismo português e de resistência ao fascismo”, recorda uma nota da instituição.
O artista seguiu por diferentes caminhos a partir de meados da década de 1950, sem “nunca deixar de fazer arte política, incorporando-a na experimentação formal que não cessou de praticar”, lê-se na mesma nota.
“Afastando-se de um entendimento do 'neorrealismo' enquanto categoria histórica simples e fechada, esta exposição propõe uma revisitação dos diferentes momentos e linguagens do trabalho visual de Júlio Pomar a partir do ponto de vista das sucessivas politizações da arte e ao longo de mais de cinquenta anos de criação plástica e gráfica”, conclui a nota sobre o pintor, que morreu em Lisboa, em 22 de maio de 2018, aos 92 anos.
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