A tribuna foi organizada pelo Movimento Outra Política para a Cultura, no Rossio, em frente ao Teatro Nacional D. Maria II, tendo sido colocados cartazes, faixas de protesto e tendas a simbolizarem os despejos de várias entidades artísticas.
Enquanto vários elementos pintavam em faixas brancas as frases “Cultura na rua” e “A cultura despejada”, Isabel Mões, da Ação Cooperativista, uma das entidades do movimento, explicava à agência Lusa que esta tribuna pública pretendia “começar a colocar os problemas da Cultura na agenda política, porque têm estado muito afastados”.
A iniciativa de sexta-feira, que reuniu cerca de 50 pessoas, é um passo que antecede a manifestação que o Movimento Outra Política para a Cultura tem agendada para 26 de fevereiro, em frente à Assembleia da República, onde quer apresentar um caderno de propostas para o setor.
“Queremos reavaliar toda a implementação do Estatuto dos Profissionais da Cultura, porque não está bem implementado. Precisamos, a nível das artes performativas, de falar sobre a rede dos teatros e cineteatros para os artistas poderem circular, mas sobretudo dar condições de vida e de trabalho às pessoas, isso é fundamental”, disse Isabel Mões.
Com um governo em gestão e eleições legislativas marcadas para 10 de março, Isabel Mões quer que o próximo governo resolva ”o problema fundamental dos baixos salários e precariedade”.
“Recebemos muito mal, porque a dotação orçamental é muito pouca. Não passamos do 0,43% do Orçamento do Estado. Nunca mais atingimos esta meta de no mínimo 1% para depois começarmos a falar a partir daí”, lamentou.
Na ação foram colocadas várias tendas que representam algumas das entidades culturais e artísticas que correm o risco de perder a sede, como a Arroz Estúdios, a Casa Independente, a Sirigaita, a Sociedade Musical Ordem e Progresso.
“Todas as tendas têm vários nomes de associações que estão em vias de ser despejadas em Lisboa, e também tem de um ator, o José Lopes, que foi encontrado morto numa tenda”, em 2019, lembrou Isabel Mões.
Porque a habitação também é um direito para os profissionais da Cultura e para as entidades culturais, o Movimento Outra Política para a Cultura estará igualmente presente, em Lisboa, na manifestação nacional pelo direito à habitação, convocada pela plataforma Casa Para Viver.
O Movimento Outra Política para a Cultura foi formado em 2023 e congrega estruturas do setor como o Sindicato dos Trabalhadores dos Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos (Cena-STE), o Centro Dramático de Évora, o Manifesto em Defesa da Cultura, o Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia, a Associação pelo Documentário, o Coletivo 249, a Ação Cooperativista e o Teatro Extremo.
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