Num texto publicado no jornal The Times esta quarta-feira, a escritora J. K. Rowling revelou que lamenta não ter falado antes sobre os direitos das pessoas transgénero, apesar das acusações de transfobia que foram feitas contra si.
A autora de "Harry Potter", de 58 anos, que vive na cidade escocesa de Edimburgo, tem sido acompanhada por controvérsias desde 2018, depois de afirmar que os direitos das mulheres podem estar ameaçados por certas reivindicações das pessoas transgénero.
"Falei porque, caso contrário, teria ficado envergonhada pelo resto da vida. O meu único arrependimento é não ter falado muito antes", escreveu num excerto da coletânea de textos "The Women Who Wouldn't Wheesht", que reúne ensaios de várias mulheres escocesas.
A autora explica que passou a acreditar que "o movimento sociopolítico que insistia que 'mulheres trans são mulheres' não era nem bem-intencionado nem tolerante, mas era na verdade profundamente misógino, regressivo, perigoso nos seus objetivos e autoritário nas suas táticas".
Rowling acrescenta que, no início, acompanhou essa luta à distância, porque as pessoas que lhe eram próximas "imploravam para que não falasse isso", mas estava determinada a agir.
Embora negue ser transfóbica, as controvérsias provocadas pelas suas posições mancharam, para alguns, a aura que alcançou como escritora de origem modesta que desfrutou do sucesso global, com mais de 600 milhões de livros vendidos com o mundo mágico de Harry Potter.
A autora foi confrontada com pedidos de boicote, como em 2023, durante o lançamento de um jogo inspirado em Harry Potter.
O ator Daniel Radcliffe, que interpretou Harry Potter na versão cinematográfica, foi um dos que se distanciou publicamente dela. No início de maio, Radcliffe disse que a sua zanga com Rowling foi "muito triste".
Referindo-se a essas polémicas, J. K. Rowling afirma que "ninguém que tenha vivido uma onda de ameaças de morte e violação lhe dirá que é divertido", criticando também a falta de "pensamento crítico" sobre os temas transgéneros.
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