A programação, a decorrer de setembro deste ano a maio de 2024, foi apresentada hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Entre os concertos que vão além dos ciclos regulares, inclui ainda o Festival dos Quartetos de Cordas, retoma os concertos participativos, com o Requiem de Mozart, celebra os 50 anos do 25 de Abril, com a Orquestra Gulbenkian a interpretar “Restart”, de Nuno Rocha, e recorda a obra de György Ligeti, pelos cem anos do compositor húngaro, nascido em maio de 1923.
A pianista Maria João Pires, premiada pelas suas interpretações de Franz Schubert, é a figura central do ciclo Schubertiades, composto por quatro concertos a realizar de 21 a 23 de setembro, que seguem de perto os encontros dedicados às artes e à música, realizados pelo compositor austríaco, nos anos de 1820, em Viena.
Maria João Pires rodeia-se de novos e velhos amigos, como o violoncelista António Meneses e o pianista Júlio Resende, que vai improvisar sobre temas de Schubert, a cantora Selma Uamusse e o tenor Ben Johnson, o pianista Ignasi Cambra, o violinista Lou Yung-Hsin Chang e o Quarteto Hermès, num ciclo realizado em colaboração com a Cité de la Musique - Philharmonie de Paris.
A parceria com a instituição francesa estende-se igualmente ao Festival dos Quartetos de Cordas, com os quartetos Van Kuijk, Danel, Simply, Minguet, Jerusalém e Belcea (que estreia uma obra de Julian Anderson, encomenda conjunta da Gulbenkian, Wigmore Hall e Wiener Konzerthaus, entre outras instituições), em seis concertos, no fim de semana de 20 e 21 de janeiro.
O Coro Gulbenkian, que se estreou em 27 de maio de 1964, celebra os 60 anos ao longo da programação, culminando num concerto de “portas abertas” (25 de maio) e no encerramento da temporada (30 e 31 de maio), com o Requiem de Verdi.
A ‘festa’ do Coro tem início no Panteão Nacional, no próximo dia 20 de setembro, num programa de “Diálogos improváveis”, dirigidos pelo maestro Jorge Matta, que cruza a contemporaneidade de compositores como György Ligeti, Henryk Górecki e Anne Victorino de Almeida, com raízes do barroco e a ancestralidade de Carlo Gesualdo, Giovanni Gabrieli e Gregorio Allegri.
Entre os dois momentos, o Coro toma lugar no ciclo Grandes Intérpretes, com as Vésperas de Monteverdi, sob a direção de Leonardo García Alarcón; cumpre a tradição ancestral do Te Deum, na Igreja de S. Roque, em Lisboa, no último dia deste ano, com a maestrina Inês Tavares Lopes; e celebra Abril, com as “Canções Heroicas” de Fernando Lopes-Graça, nos 50 anos da Revolução, entre as atuações em que é protagonista, ao longo da temporada.
No ciclo de piano, que abre a 9 de outubro, com Elisabeth Leonskaja, cruzam-se grandes intérpretes veteranos, mais e menos regulares na programação da Gulbenkian, como Grigory Sokolov, Ivo Pogorelich, Arcadi Volodos e Piotr Anderszewski, com outros mais novos, como Alexandre Kantorow e Denis Kozhukhin.
Nikolai Lugansky também regressa, para interpretar o 2.º Concerto de Rachmaninov, com a Orquestra Gulbenkian e o maestro Nuno Coelho.
Os pianistas Evgeny Kissin e Martha Argerich fazem igualmente parte da programação, desta vez integrados no ciclo Grandes Intérpretes: Kissin, com o barítono Matthias Goerne, num recital de ‘lieder’ de Brahms e Schumann; Argerich, com o pianista Dong Hyek Lim, em obras de Rachmaninov e Schubert.
Jordi Savall, com o Hespèrion XXI e o concerto temático “Istambul 1700”, a meio-soprano Joyce DiDonato, com o programa “Songplay”, que cruza ópera, jazz e tango, são outros nomes deste ciclo, que abre a 26 de novembro com o contratenor Jakub Joszéf Orliński e a orquestra Il Pomo d'Oro, num programa sobre o barroco italiano.
Hannu Lintu, na primeira temporada como maestro titular da Orquestra Gulbenkian, cruza obras do repertório orquestral, da emergência da modernidade, na viragem para o século XX, à música contemporânea, como “Atmospheres”, de Ligeti, e a 2.ª Sinfonia, “Ressurreição”, de Gustav Mahler, “Halim”, de Adam Maor (estreia de nova versão encomendada pela Gulbenkian), e a 5.ª Sinfonia de Chostakovitch, “Ciel d'hiver”, de Kaija Saariaho, e “Le Tombeau resplendissant”, de Olivier Messiaen, com “La mer”, de Debussy, e o Concerto para violino de Jean Sibelius.
Entre os maestros convidados contam-se Lorenzo Viotti, antigo titular, Giancarlo Guerrero (1.ª Sinfonia de Mahler), John Nelson (“Romeu e Julieta”, de Berlioz), Ton Koopman (Grande Missa em Dó menor, de Mozart), Risto Joost (7.ª Sinfonia de Beethoven) e Stanislav Kochanovsky (Requiem de Verdi).
A estreia do Concerto para violoncelo de Andreia Pinto-Correia (12 de outubro) será dirigida por Aziz Shokhakimov.
O ciclo Músicas do Mundo tem o primeiro concerto a 30 de setembro, com o Ensemble Al-Kindi, que traz cantos sufis de Damasco. Seguem-se, até maio, Ali Doğan Gönültaş, com testemunhos da Anatólia Oriental, Driss El Maloumi, virtuoso do alaúde marroquino, Vardan Hovanissian & Emre Gültekin, que conjugam tradições da Arménia e da Turquia, e o músico afegão Nasim Khushnawaz.
O primeiro concerto da temporada acontece a 4 de setembro, no Vale do Silêncio, no âmbito do festival Lisboa na Rua, e o Grande Auditório abre-se à nova programação com Lorenzo Viotti a dirigir a 7.ª Sinfonia de Mahler e “Lux aeterna” de Ligeti.
O cinema, com “E.T.” de Spielberg e a música de John Williams, interpretada pela Orquestra, e os concertos de novos intérpretes emergentes (Rising Stars), da rede de salas europeias de concerto (ECHO, na sigla em inglês) também fazem parte da temporada.
As transmissões do 'Met' de Nova Iorque vão incluir “Dead Man Walking”, de Jake Heggie, “X: The Life and Times of Malcolm X”, de Anthony Davis, e “Florencia en el Amazonas”, de Daniel Catán, além de “Nabucco” e “La forza del destino”, de Verdi, “Cármen”, de Bizet, “Romeu e Julieta”, de Gounod, e “La rondine” e “Madama Butterfly”, de Puccini.
A programação da temporada Gulbenkian Música 2023-2024 fica disponível hoje, no site da Fundação.
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