"Alain Fabien, Anouchka, Anthony, assim como (o seu cão) Loubo, têm a imensa tristeza de anunciar a partida do seu pai. Faleceu pacificamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. (...) A família pede gentilmente que respeitem a sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso", diz o comunicado, citado pela AFP.
Figura central em mais de 50 décadas de constantes transformações do cinema francês, Delon deixa um legado de 122 filmes, 88 dos quais como ator, dois como realizador e 32 como produtor, numa carreira ligada a realizadores como Jean-Pierre Melville (“O Círculo Vermelho”, “O Silêncio de um Homem”), Luchino Visconti (“Rocco e os Seus Irmãos”, “O Leopardo”), René Clément (“Em Pleno Sol”) ou Louis Malle (“Almas a Nu”), entre muitos outros .
Desde a sua primeira aparição no grande ecrã, em 1957, ganhou um César de Melhor Ator em 1985 por “A Nossa História”, de Bertrand Blier, o Urso de Honra no Festival de Cinema de Berlim em 1995 e o Prémio do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Em maio de 2019, obteve o seu reconhecimento mais notável, ao receber a Palma de Ouro honorária em Cannes.
“É um pouco uma homenagem póstuma, mas em vida”, declarou então o ator aquele que foi apelidado de "Frank Sinatra francês" (comparação que rejeitava) ou de "homem mais bonito do mundo" (dono de um rosto emblemático, marcado pelos olhos azuis angelicais).
De destacar ainda, no seu percurso, as oito colaborações com Jean-Paul Belmondo, falecido em 2021, tendo sido precisamente o fracasso do último destes filmes que marcou a sua retirada progressiva do ecrã.
Após mais de 90 obras, rodadas principalmente entre França e Itália, o ator anunciou a sua retirada em 1999. Posteriormente, fez apenas uma aparição como Júlio César em "Astérix nos Jogos Olímpicos", de 2008, bem como alguns telefilmes. Desde então, Delon limitou-se a aparições esporádicas, afastando-se da ribalta.
O ator fez manchetes no verão de 2023, quando os seus três filhos apresentaram uma queixa contra a sua dama de companhia, por vezes descrita como sua companheira, por suspeitas de abuso de fraqueza. Seguiu-se uma batalha em torno das suas condições de saúde, que sofria de vários problemas e teve um AVC em 2019.
A sua popularidade caiu nos últimos anos, por causa das suas posições a favor do partido da extrema direita francesa Frente Nacional, da pena de morte e contra a homossexualidade, que considerou "contra as leis naturais", e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, bem como a confissão numa entrevista de ter batido em mulheres.
Alain Delon passou os últimos anos da sua vida na sua propriedade de Douchy (Loiret), rodeada de muros altos e onde há muito planeava ser sepultado, não muito longe dos seus cães.
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