O realizador morreu de causas naturais, aos 92 anos.
"Estamos profundamente entristecidos pelo falecimento do nosso querido amigo Arthur Hiller”, disse em comunicado Cheryl Boone Isaacs, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, cargo que o próprio cineasta ocupou entre 1993 e 1997. A responsável acrescentou ainda ter feito “parte do quadro de diretores durante a sua presidência" e ter tido "a sorte de testemunhar em primeira mão a sua dedicação à Academia e a sua paixão de toda a vida por contar histórias de forma visual.”
O respeito dos profissionais da indústria é um dos pontos mais consensuais na carreira de Arthur Hiller, que ganhou tarimba nos primórdios da televisão nos anos 50 e assinou depois 33 longas-metragens para cinema entre os anos 60 e 90, saltitando entre os dramas e as comédias, com significativo êxito popular.
Nascido no Canadá em 1923, Hiller serviu na Força Aérea durante a Segunda Guerra Mundial, licenciou-se em Artes na Universidade de Toronto, e começou a trabalhar na emergente televisão canadiana, o que o levou a ser convidado pela NBC para trabalhar como realizador televisivo nos EUA, onde assinou episódios de séries tão populares como “Gunsmoke” ou “Alfred Hitchcock Apresenta”.
Em 1957, estreou-se na realização para cinema com o drama “The Careless Years”, sobre dois estudantes de liceu que pensam fugir para casar, a que se seguiram outros títulos onde o cineasta foi fazendo a mão. A primeira fita em que Hiller deu nas vistas foi em 1964 com “Herói Precisa-se” (título nacional de “The Americanization of Emily”), com James Garner e Julie Andrews, a partir de um argumento do prestigiado Paddy Chayefsky, com o qual voltou a trabalhar em 1971 na sátira “O Hospital”.
Seguiram-se filmes com as estrelas mais populares da época: Warren Beatty e Leslie Caron em “Não lhe Prometa Tudo” (1965), Natalie Wood em “Os Prazeres de Penélope” (1966), Rock Hudson no filme de guerra “Tobruk” (1967), ou Eli Wallach em “The Tiger Makes Out”, o filme que marcou a estreia no cinema de Dustin Hoffman. A sua obra mais popular chegou em 1970, “Love Story”, um êxito gigantesco que lhe valeu a única nomeação ao Óscar de Melhor Realizador da sua carreira (conquistaria em 2002 o prémio humanitário Jean Hearsholt em reconhecimento da sua filantropia).
Foi o início da sua década dourada, em que se destacam os dois filmes que assinou a partir de argumentos de Neil Simon, os bem-humorados “A Sorte Viajou de Barco” (1970), com Jack Lemmon, e “Suite em Hotel de Luxo” (1971), com Walter Matthau, o drama sobre o Holocausto “O Homem das Duas Faces” (1975) e as comédias “Por Favor Não Matem o Dentista” (1979), com Peter Falk e Alan Arkin, e “O Expresso de Chicago” (1976), cujo imenso sucesso estabeleceu uma dupla que se tornou imensamente popular, Gene Wilder e Richard Pryor.
A partir dos anos 80, os êxitos foram sendo mais espaçados e localizaram-se essencialmente no domínio da comédia, com títulos como “O Palco e a Vida” (1982), com Al Pacino, “Que Sorte Danada” (1987), com Bette Midler e Shelley Long, e “Cegos, Surdos e Loucos” (1987), novamente com a dupla Wilder e Pryor.
Daí para a frente, os êxitos começaram a escassear, mas Hill fez carreira relevante a outro nível: entre 1989 e 1993 foi presidente do Directors Guild of America e entre 1993 e 1997, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
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