A atriz francesa Isild Le Besco conta numa autobiografia publicada esta quarta-feira que o realizador Benoit Jacquot a violou quando ela era adolescente, mas afirmou que não está preparada para apresentar queixa.
Estas memórias foram publicadas num momento em que o cinema francês é abalado por acusações de ter mantido silêncio durante muitos anos sobre as agressões sexuais na indústria.
Le Besco, 41 anos, acusou em fevereiro Jacquot, 77, de exercer um domínio “destrutivo” sobre ela décadas atrás, quando a atriz tinha 16 anos e ele 52.
De seguida, fez a ressalva que houve violência psicológica e física, mas não mencionou violação.
Conhecido por mais de 50 filmes e filmes para TV em seu nome, como "L'école de la chair" (1998), "Sade" (2000), "Adeus, Minha Rainha" (2012), "3 Corações" (2014), "Diário de Uma Criada de Quarto" (2015) e "Eva" (2018), Jacquot negou qualquer abuso contra a atriz.
Le Besco atuou sob a direção de Jacquot no filme que retrata a vida libertina do Marquês de Sade, quando tinha 16 anos, e noutros até 2010, com destaque para "À tout de suite" (2004), "L'intouchable" (2006) e "Au fond des bois" (2010).
Le Besco apontou o realizador após a atriz Judith Godrèche, de 52 anos, acusar o famoso cineasta de violência sexual no contexto de um relacionamento quando ela tinha 14 anos e ele era 25 anos mais velho.
Godrèche apresentou queixa e está em curso uma investigação contra Jacquot, que também nega as acusações.
Nas suas memórias intituladas “Dire vrai” (“Diga a verdade”, em tradução literal) a atriz afirma que não está preparada para entrar com uma ação judicial.
“É óbvio afirmar que Benoît me violou (...) eu era adolescente e confiava totalmente nele. Ele tomou o lugar do meu pai, da minha mãe e de qualquer outra figura de autoridade", escreveu.
Le Besco explica no livro porque não quer comparecer perante os investigadores.
“Não quero ser confrontada outra vez com estas instituições antigas, criadas e dirigidas por homens”, disse.
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