A programação completa do festival foi apresenta hoje numa conferência de imprensa realizada na Culturgest, em Lisboa, com a presença da direção, composta por Cinta Pelejà, Cíntia Gil e Susana de Sousa Dias, e ainda pelo crítico de cinema e programador do festival Augusto M. Seabra.
Também estiveram presentes na apresentação Miguel Lobo Antunes, administrador da Culturgest, Catarina Vaz Pinto, vereadora da cultura da Câmara Municipal de Lisboa, e Luís Miguel Oliveira, da Cinemateca Portuguesa, em representação daquelas entidades enquanto parceiras do festival dedicado ao documentário.
O certame vai decorrer entre 24 de outubro e 03 de novembro em dez espaços de exibição, não apenas em Lisboa, mas também em Almada, saindo pela primeira vez da capital. Serão exibidas 123 longas-metragens e 121 curtas-metragens e atribuídos 12 prémios em competição internacional e nacional.
Nesta 11ª edição, o evento contará com 46 filmes portugueses, 42 primeiras obras, 36 estreias mundiais, cinco estreias internacionais e uma estreia europeia.
Na conferência de imprensa, a direção recordou que a edição do ano passado - que assinalava uma década de vida do certame - tinha sido «de resistência» e irá continuar este ano a ter esse caráter porque «existe o fantasma, cada vez mais real, da aniquilação do cinema em Portugal».
«Está em causa um património passado e futuro. Entendemos que, neste momento, cada filme que se faz em Portugal é verdadeiramente um ato de resistência, contendo uma extraordinária força política e ética», sublinhou Susana de Sousa Dias.
A realizadora considerou ainda que se 2012 foi o «ano zero» do apoio à produção de cinema português, a falta de financiamento «poderá gerar vários anos zero», referindo-se à situação denunciada há uma semana pela Associação de Produtores de Cinema e Audiovisual (APCA). A associação pediu uma resposta política para o pagamento em falta de uma taxa pelos operadores de televisão por subscrição prevista na nova Lei do Cinema.
Neste quadro de luta pela defesa do cinema, a direção do DocLisboa disse pretender com esta 11ª edição, «não apenas mostrar e discutir os filmes, mas também celebrar a força de ação e da criação cinematográfica». «Temos profunda confiança na capacidade dos filmes mudarem o mundo», sublinhou a equipa da direção.
Em declarações à agência Lusa, Cinta Pelejà confirmou que se irá manter vazia a cadeira do realizador iraniano
Mohammad Rasoulof, convidado a presidir ao júri internacional, mas impedido de deixar o Irão para viajar até Lisboa. «As autoridades iranianas confiscaram o passaporte do realizador e ele não poderá deixar o país», indicou.
No entanto, no encerramento do festival será exibido o filme ainda inédito em Portugal «Dast-Neveshtehaa Nemisoosand (Manuscripts don't burn)» (na imagem), que conta a história de um autor iraniano que consegue escrever em segredo as suas memórias como preso político.
Apesar de não poder estar presente, a cadeira que lhe era reservada vai ser mantida «como denúncia da situação de Mohammad Rasoulof e em defesa da liberdade de expressão», disse Cinta Pelejá.
Na sessão de abertura do Festival DocLisboa vai ser exibido o filme
«Pays Barbare», de Yervant Gianikian e Angela Ricci Luchi (França).
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