Um dos episódios mais brutais da história da televisão ocorreu em 1974, quando a apresentadora Christine Chubbuck, então com 29 anos, decidiu suicidar-se em direto com um tiro na cabeça – disparado depois de apresentar algumas notícias.
Chubbuck sofria há muitos anos de depressão e tratava-se com um psiquiatra até semanas antes do ato fatídico.
Quarente anos depois, dois filmes aterraram no Festival de Sundance sobre o assunto.
Enquanto “Christine”, de Antonio Campos, é um trabalho de ficção com Rebeca Hall no papel principal, “Kate Plays Christine”, em competição no IndieLisboa, traz um ensaio documental de outra natureza. Nele o realizador Robert Green, mais uma vez interessado na arte da representação, mostra a atriz Kate Lyn Sheil preparando-se para encarnar a personagem, num processo onde pouco a pouco transforma-se na própria Christina.
Eldorado português
A emigração maciça de brasileiros para Portugal no final dos anos 1990 fornece o pano de fundo para a história de “Eu Estive em Lisboa e Lembrei de Você”, de João Barahona – o último dos filmes da competição nacional a ser exibido.
O projeto é uma coprodução luso-brasileira e conta a história de um homem que, uma vez perdidos os seus mais importantes laços afetivos no Brasil, decide procurar o seu pote de ouro do outro lado do Atlântico.
O que encontra, no entanto, são muitas dificuldades – de nível jurídico (documentos para trabalhar), financeiro (afinal não se ganhava tão bem assim por cá…) e, principalmente, vitimando-se da própria ingenuidade ao envolver-se com uma prostituta.
Já a retrospetiva dedicada a um dos Heróis Independentes do IndieLisboa, Vincent Macaigne, iniciada ontem com “Dom Juan & Sganarelle”, tem continuação hoje com “2 Autommes, 3 Hivers” – mais uma das obras que ajudou o ator a cristalizar o seu típico personagem masculino fragilizado e em dificuldades para lidar com o sexo oposto.
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