Houve quem lhe chamasse «O Padrinho do cinema francês», uma vez que esteve por trás de alguns dos maiores êxitos da cinematografia recente do hexágono, ainda por cima com películas intrinsecamente gaulesas.
Foi o caso do díptico
«Jean de Florette» e
«Manon das Nascentes», com Yves Montand, Daniel Auteuil e Gérard Depardieu, que realizou com enorme sucesso de público e crítica em 1986, adaptando a obra de Marcel Pagnol sobre a Provença com uma felicidade e uma mestria invulgares.
E foi também o caso, já em 2008, da comédia que produziu,
«Bem-vindo ao Norte», realizada por Danny Boon, que joga com as particularidades de uma zona particular do norte do país, e que bateu todos os recordes de bilheteira em França, com mais de 20 milhões de espectadores.
Claude Berri, falecido hoje num hospital de Paris onde tinha sido admitido Sábado com um acidente vascular cerebral, tem muitas dezenas de filmes no currículo, em várias capacidades, muitos deles importantes no cinema francês. A sua carreira começou como actor, no teatro e depois no cinema, onde se estreou em 1953 com
«Le Bon Dieu sans Confession», de Claude Autant-Lara.
Começou a escrever e a realizar no início dos anos 60, ganhando logo em 1963 o Óscar de Melhor Curta-Metragem por
«Le Poulet», que marcou a sua estreia como realizador e produtor.
A sua actividade nas várias frentes do cinema francês foi sendo cada vez mais intensa, ganhando visibilidade não só na produção de filmes para cineastas de prestígio - como sucedeu com «Tess» (1979), de Roman Polanski, «O Urso» (1988) e «O Amante» (1992), de Jean-Jacques Annaud, «Hotel de France» (1987), «L’Homme Blessé» (1983) e «A Rainha Margot» (1994), de Patrice Chéreau, «O Ogre» (196), de Volker Schlöndorff, ou «Ámen.» (2002), de Costa-Gavras – mas também como produtor de obras de gigantesco sucesso de público, como a recente trilogia dedicada a Astérix ou o super-êxito «Bem-vindo ao Norte». Além deste último, ainda em 2008 vimos outra produção sua nas salas portuguesas, o muito elogiado
«O Segredo de Um Cuscuz», de Abdel Kechiche, que conquistou o César de Melhor Filme do Ano.
Como realizador, tal como produtor, Claude Berri conseguiu chegar ao público com filmes intrinsecamente franceses, desde logo no já referido díptico «Jean de Florette» e «Manon das Nascentes» mas também na super-produção
«Germinal», baseada no romance de Emile Zola.
E assinou ainda comédias populares, que compuseram a maioria dos seus filmes mais recentes, como
«Um Parte, Outro Fica» (2005) ou
«Enfim Juntos» (2007).
Claude Berri foi ainda director da Cinemateca Francesa entre 2004 e 2007 e é pai do realizador, produtor e actor Thomas Langmann e do actor Julien Rassam. Actualmente estava a trabalhar na realização da comédia
«Tresor», com Alain Chabat e Mathilde Seigner.
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