
Esta sexta-feira, Donald Trump reagiu à notícia anunciada na noite anterior de que a CBS ia cancelar o "The Late Show with Stephen Colbert" em maio de 2026.
A imprensa norte-americana estava à espera e o presidente dos EUA não desiludiu, com a reação a ser previsível: além de festejar o "despedimento" de um dos seus mais fortes críticos em canal aberto, já antecipa o mesmo destino para o anfitrião do "late night" no canal ABC, que se tornou ao longo dos anos um ódio de estimação designado como "estúpido do Jimmy Kimmel".
"Adorei que o Colbert tenha sido despedido. O talento dele era ainda menor que a audiência", escreveu na sua rede social Truth Social na manhã de sexta-feira.
"Ouvi dizer que o Jimmy Kimmel é o próximo. Ele tem ainda menos talento que o Colbert!", acrescentou, antes de elogiar Greg Gutfeld, o comediante do "late night" da Fox News, que disse ser "melhor do que todos eles juntos, incluindo o idiota da NBC que arruinou o outrora ótimo Tonight Show" (uma referência a Jimmy Fallon).
O 'timing' do cancelamento deixou desconfiados opositores de Trump e analistas. O "The Late Show with Stephen Colbert" é o programa líder das audiências no horário da "late night" [após as 23h30] e os seus vídeos têm grande impacto 'online'.
Há muito tempo que o "The Late Show" era um programa essencial da televisão noturna nos EUA.
"O ano que vem será a nossa última temporada. O canal terminará o programa em maio [de 2026]", anunciou o anfitrião no fim da gravação do programa de quinta-feira, sob vaias e gritos de incredulidade.
O cancelamento "chocou" Hollywood", destacou o Goldderby. A publicação especializada Deadline descreveu a decisão como "chocante". A revista Variety diz que se trata do "fim de uma era na televisão — e um sinal assustador do que está por vir", referindo-se ao fim dos programas de "late night". Já a revista The Hollywood Reporter aborda o tema pelo momento da decisão e diz que dá uma "péssima imagem".
A CBS classificou o cancelamento como "uma decisão puramente financeira perante um panorama desafiador no horário nobre" e afirmou em comunicado que a decisão "não estava relacionada de forma alguma com desempenho, conteúdo ou outros assuntos da [empresa-mãe] Paramount".
Mas este mês, a Paramount, dona da CBS, chegou a um acordo de 16 milhões de dólares com o presidente dos EUA Donald Trump para terminar um processo que a gigante do entretenimento descrevera como não tendo mérito.
A empresa busca concluir a sua fusão de oito mil milhões de dólares com a empresa de entretenimento Skydance, que precisa da aprovação do governo federal.
Trump processou a Paramount por 20 mil milhões de dólares, alegando que o programa "60 Minutes", da CBS News, editou enganosamente uma entrevista com a sua rival nas eleições de 2024, Kamala Harris, em seu favor.
Colbert, um crítico ferrenho de Trump, descreveu o acordo como "um grande suborno" no seu programa de segunda-feira, o primeiro após férias de duas semanas.
Na quinta-feira, ele disse que fora informado na decisão na noite anterior e que o cancelamento não era apenas o fim do seu programa, mas também o fim do "The Late Show" na CBS.
"Não vou ser substituído, tudo isto vai simplesmente acabar", revelou.
Opositores políticos de Trump e outros críticos chamaram a atenção para o momento da decisão.
"A CBS cancelou o programa de Colbert apenas TRÊS DIAS depois de Colbert ter criticado a Paramount, empresa que controla a CBS, pelo acordo de 16 milhões de dólares com Trump — um acordo que parece suborno", disse a senadora democrata Elizabeth Warren na rede social X (antigo Twitter).
"Os EUA merecem saber se o programa dele foi cancelado por motivos políticos", acrescentou.
O senador democrata Adam Schiff, que esteva no programa de Colbert na noite em que ele anunciou o fim, disse: "Se a Paramount e a CBS terminaram o 'Late Show' por motivos políticos, o público merece saber. E merece mais."
O "The Late Show" começou em agosto de 1993 com David Letterman como anfitrião, que se retirou em maio de 2015. Colbert, que fazia parte do "The Daily Show" e do "The Colbert Report", começou em setembro de 2015 na posição que terminará ao fim de 11 anos.
No seu comunicado de quinta-feira, a CBS afirmou que estava "orgulhosa de que Stephen tivesse escolhido a CBS como o seu lar".
"Ele e o programa serão lembrados no panteão dos grandes nomes que abrilhantaram a televisão noturna", afirmou o comunicado.
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