“Trata-se de um momento histórico para a cultura mirandesa, que finalmente chegou. Com a inscrição das ‘Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro’ para depois nos preparamos para outros objetivos como a inscrição desta temática no patrónimo imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) ”, disse à agência Lusa a presidente Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril.
A autarca do distrito de Bragança acrescentou ainda que este processo de inscrição das "Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro" poderá não ser tão célere como aquele que aconteceu com as "Capa de Honra Mirandesa", já que teria de ser efetuado com caráter de urgência.
“Vamos aguardar com serenidade o desenrolar de todos todo este processo de submissão das ‘Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro’ à matriz PCI que agora começa, e depois iniciaremos um outro trabalho que culminará a seu tempo numa candidatura à UNESCO. Mas vamos dar um passo de cada vez ”, vincou a autarca social-democrata de Miranda do Douro.
A submissão desta candidatura acontece numa altura em que Miranda do Douro festeja os seus 478 anos de elevação a cidade e sede da diocese.
Para Helder Ferreira, o coordenador deste trabalho, a submissão do pedido de Inventariação das “Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro” ao Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial, fica concluído todo um processo de investigação e inicia-se a última fase de todo este trabalho de registar "uma das mais icónicas manifestações tradicionais portuguesas".
Já Mário Correia, investigador neste processo, indicou que, de acordo com as formulações definidoras do património cultural imaterial, contam as pessoas e as respetivas vivências comunitárias, o centro de reconhecimento das práticas culturais e do saber fazer associadas.
“No caso das 'danças de paulitos', não são as mesmas elegíveis na qualidade de mera representação ou execução folclórica mas sim como parte integrante de manifestações culturais e cerimoniais estruturadas e relevantes em termos de participação coletiva e, como tal, elementos propiciadores de coesão social e bem-estar vivencial das comunidades”, concretizou.
Com fundamentadas razões históricas veiculadas por correntes consolidadas de tradição, a opção foi a de considerar como critério suscetível de reconhecimento patrimonial cultural imaterial as danças rituais de pauliteiros nas festas tradicionais mirandesas.
A origem da "Dança dos Pauliteiros" não reúne consenso entre os investigadores. Os pauliteiros de Miranda são considerados um dos ícones máximos do folclore nacional e ibérico.
“Esta terá nascido durante a idade do ferro, na Transilvânia, espalhando-se posteriormente pela Europa”, afiançam alguns.
Alguns autores, tal como o Abade de Baçal, defendem que a sua origem se deve à clássica dança pírrica guerreira dos gregos.
Este investigador, já falecido e tido como uma das maiores referências da etnografia do Nordeste Transmontano, dizia que via poucas diferenças entre esta dança e a dança dos Pauliteiros tais como a substituição das túnicas pelas saias, o escudo pelo lenço sobre os ombros, os chapéus enfeitados e a utilização da flauta pastoril.
Mas a dança dos pauliteiros manifesta também vestígios de danças populares do sul de França e na dança das espadas dos Suíços na Idade Média.
Os romanos seriam os responsáveis pela propagação da dança pírrica a esta região.
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