
Ao todo, serão quatro novas mostras no MAAT, com inaugurações faseadas entre 4 de outubro e 12 de novembro, incluindo uma exposição da 7.ª Trienal de Arquitetura de Lisboa e outra da artista Isabelle Ferreira, segundo informação do museu, que também assinala o 9.º aniversário.
As exposições “Cerith Wyn Evans: Formas no Espaço… através da Luz (no Tempo)” e “Fluxes”, baseada na informação das toneladas de lixo produzidas pela Humanidade, abrem ao público no dia 5 de outubro e, um dia antes, no exterior do museu, é inaugurada a instalação de grande escala do artista Kiluanji Kia Henda, sobre perigos e dilemas associados à crise migratória, integrada na programação da BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas.
A exposição de Cerith Wyn Evans, nascido no País de Gales, em 1958, com curadoria de Sérgio Mah, diretor-adjunto do museu, centra-se numa instalação em néon branco com quase dois quilómetros, suspensa na Galeria Oval do MAAT.
O artista, que iniciou o seu percurso no cinema experimental, é conhecido por explorar temas como a perceção, o tempo e a linguagem, através de esculturas luminosas, sonoras e videográficas, recorda o museu.
Evans já apresentou o seu trabalho em instituições de referência como o Pirelli HangarBicocca (2019), o Centre Pompidou-Metz (2024), o Museu de Arte Contemporânea da Austrália (2025), e foi distinguido com o Prémio Hepworth Wakefield de Escultura em 2018, tendo participado em três edições da Bienal de Veneza (2003, 2010 e 2017).
Também no início do próximo mês de outubro, a 7.ª Trienal de Arquitetura de Lisboa estreia-se na capital com três exposições centrais, uma delas intitulada “Fluxes”, na Central Tejo, com curadoria de Ann-Sofi Rönnskog e John Palmesino, da Territorial Agency.
A mostra interroga o peso físico e simbólico das cidades contemporâneas, a partir de dados sobre os quase 30 biliões de toneladas de materiais que compõem os espaços urbanos no Antropoceno.
“Fluxes” propõe-se explorar como a arquitetura molda e é moldada por fluxos materiais, energia e informação, desafiando os visitantes a “pensar sobre os alicerces e fissuras do mundo construído”.
No interior do museu, a artista Isabelle Ferreira, nascida em França, em 1972, irá explorar, a partir de 22 de outubro, a história da emigração portuguesa na década de 1960 com a exposição “Notre Feu” - título que evoca as noites dos emigrantes portugueses à fogueira - , com curadoria de Joana Neves.
Através de cerâmica, fotografia e instalação, a mostra recria memórias da fuga para França de portugueses que, em plena ditadura salazarista, saíam do país clandestinamente, por questões de sobrevivência, políticas e sociais.
Esta memória está particularmente expressa num conjunto de composições intituladas “L’Invention du courage (o salto)”, que reconstituem uma prática de antes da partida: os emigrantes entregarem uma fotografia sua a um traficante que a rasgava ao meio.
Uma metade da fotografia era entregue à família (ou a pessoa de confiança), a outra era guardada pelo traficante e enviada à família no final da viagem, para assegurar que o migrante tinha chegado ao destino em segurança, recorda o texto do MAAT sobre a exposição.
Filha de emigrantes portugueses, Ferreira apresenta uma narrativa “sensorial e íntima”, conjugando a memória pessoal com um testemunho coletivo sobre migração, exílio e resistência.
A partir de 12 de novembro, o MAAT Central acolherá a retrospetiva “Detour”, dedicada ao percurso artístico de Pedro Casqueiro, com curadoria de João Pinharanda, diretor do museu, reunindo cerca de 80 obras, a maioria pinturas realizadas entre os anos 1980 e 2024, das várias fases do pintor.
Nascido em Lisboa, em 1959, Casqueiro começou por afirmar-se com uma pintura marcada pela energia cromática e liberdade formal, em que a figuração e a abstração conviviam com referências textuais. Ao longo das décadas foi introduzindo elementos gráficos, padrões irregulares e ambiguidade verbal, sabotando de forma irónica convenções visuais e espaciais, como indica a apresentação da mostra.
A exposição tem por objetivo oferecer uma leitura transversal e profunda da obra multifacetada de Pedro Casqueiro, representada na coleção de arte da Fundação EDP.
No exterior do MAAT, na Praça do Carvão, será apresentada a instalação de grande escala do artista Kiluanji Kia Henda, um labirinto sobre os perigos e dilemas associados à crise migratória no Mediterrâneo, sugerindo uma travessia por territórios marcados por vigilância e exclusão.
Em novembro de 2024, numa apresentação à imprensa da temporada de exposições do MAAT para este ano, Sérgio Mah declarou aos jornalistas, a propósito das escolhas da direção, em conjunto com João Pinharanda: “Queremos que o programa [para 2025] seja muito eclético para abrir portas a públicos diversos."
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