
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai iniciar "imediatamente o processo de instauração de tarifas de 100%" sobre os filmes exibidos nos EUA mas produzidos no estrangeiro.
"A indústria cinematográfica norte-americana está a morrer muito rapidamente (...) Hollywood e muitas outras partes dos EUA estão devastadas", escreveu Trump no domingo na rede social Truth Social.
"Outros países estão a oferecer todo o tipo de incentivos para atrair os nossos cineastas e estúdios para longe dos EUA", acrescentou.
Trump disse que este é um "esforço concertado de outras nações" que representa "uma ameaça para a segurança nacional" norte-americana.
Até à data, não foram avançados detalhes sobre as condições de aplicação de sobretaxas sobre filmes produzidos no estrangeiro.
O anúncio provocou ondas de choque e reuniões de emergência em Hollwyood, segundo a revista especializada Variety.
Ao longo de décadas, muitos filmes (e séries, que não foram mencionadas) têm transferido a sua produção para o Canadá e ainda o Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia ou Hungria, por causa dos incentivos fiscais que ajudam a baixar os orçamentos ou para usar localizações exóticas, como é o caso das sagas "Missão Impossível", "Velocidade Furiosa" ou "Avatar", além de James Bond.
Este é o mais recente episódio na ofensiva comercial lançada pelo Presidente norte-americano contra os parceiros económicos dos EUA.
A China, contra a qual Donald Trump dirige uma grande parte das flechas, anunciou no início de abril que vai reduzir "de forma moderada" o número de filmes dos EUA exibidos oficialmente em território chinês, como uma das respostas às tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos do país asiático.
Pequim utiliza um sistema de quotas para limitar o número de filmes estrangeiros exibidos oficialmente nas salas de cinema. Uma redução do acesso a este mercado, o segundo maior do mundo a seguir aos EUA para o cinema, pode afetar as receitas dos estúdios de Hollywood.
A produção cinematográfica é parte crucial da economia norte-americana, gerando mais de 2,3 milhões de empregos e 279 mil milhões de dólares (246,86 mil milhões de euros, à cotação do dia) em receitas em 2022, segundo os dados mais recentes da Motion Picture Association.
Mas após as greves em Hollywood e a pandemia de COVID-19, que levou os americanos a ver mais filmes em casa, a indústria ainda luta para recuperar a sua força.
Segundo um relatório de janeiro do serviço de monitorização de produções ProdPro, os EUA são um importante centro de filmagens, com 14,5 mil milhões de dólares (12,83 mil milhões de euros) em gastos de produção, mas o valor representa uma queda de 26% quando comparado com a quantia registada dois anos antes.
Uma pesquisa com executivos de estúdios revelou que os cinco locais de produção preferidos para 2025 e 2026 ficam fora dos EUA, devido aos atraentes incentivos fiscais oferecidos por algumas localidades.
Toronto (Canadá) ocupa o primeiro lugar, seguido por Grã-Bretanha, Vancouver (Canadá), Europa Central e Austrália. A Califórnia aparece em sexto lugar.
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