Se os EUA continuarem a seguir pelo mesmo caminho, Adam McKay não ficaria surpreendido se o filme "Wicked" fosse banido.

Após vários filmes de comédia ("O Repórter: A Lenda de Ron Burgundy", "As Corridas Loucas de Ricky Bobby", "Filhos e Enteados", "Agentes de Reserva"), o realizador, produtor e argumentista tem vindo na examinar a sociedade moderna, abordando a crise no setor imobiliário em "A Queda de Wall Street" (2015), os bastidores sinistros da política em "Vice" (2018) e as alterações climáticas em "Não Olhem Para Cima" (2021).

Esta semana, partilhou com uma sombria previsão o que achou da adaptação ao cinema do musical da Broadway com Cynthia Erivo e Ariana Grande, um grande sucesso comercial e artístico que é uma prequela da história do clássico "O Feiticeiro de Oz".

“A um puro nível de narrativa, a parte 1 de 'Wicked' está bem no cimo como um dos filmes de grande estúdio de Hollywood mais radicais que já foram feitos. Sei que a 'Parte 2' volta um pouco ao centro, mas a 'Parte 1' é abertamente sobre a radicalização face ao carreirismo, ao fascismo, à propaganda”, escreveu na rede social X (antigo Twitter) o vencedor do Óscar de Melhor Argumento Original por "A Queda de Wall Street".

Noutra partilha, aprofundou que "o que é realmente impressionante na parte 1 de 'Wicked' é que está a ser lançada AGORA, quando a América nunca foi tão de direita e influenciada pela propaganda. E sim, sei que a produção de teatro e o livro são muito mais antigos, portanto parte do 'timing' é uma coincidência, mas mesmo assim...".

Adam McKay

Adam McKay cita outros filmes do passado que encara como “radicais”, como os vencedores dos Óscares "A Ponte do Rio Kwai" (1957), "Música no Coração" (1965), "A Desaparecida" (1956), "O Mundo a Seus Pés" e "The Hunger Games - Os Jogos da Fome" (2012), descrevendo este último como um dos maiores exemplos e 'incrivelmente de esquerda'.

O radicalismo de filmes é mencionado, embora o cineasta não os considere de 'grande estúdio', como "Os Melhores Anos das Nossas Vidas" (1946), "Escândalo na TV" (1976), "Dr. Estranhoamor" (1964) e "Serpico" (1973).

Em resposta às reações à sua partilha, Adam McKay aprofundou o tema do radicalismo de "Wicked" quando alguém lhe disse que não o tinha visto no cinema porque achava que era apenas um filme de fantasia, mas agora ia aguardar pelo lançamento digital: "Acho que ficará chocado. Se a América continuar a seguir pelo mesmo caminho, não ficaria surpreendido se fosse banido dentro de 3 a 5 anos".

Quando outro utilizador colocou em causa uma proibição real em vez da hipótese de “algum bibliotecário de uma pequena cidade” impedir uma criança de vê-lo sem a autorização dos pais, o realizador esclareceu que não disse que o filme seria banido de certeza, mas alertou que 'a ideia de fechar organizações sem fins lucrativos ao critério do presidente está em andamento. As coisas estão rapidamente a mudar".

A "Parte 2" de "Wicked" mudou recentemente de título: "Wicked: For Good" chegará aos cinemas a 20 de novembro de 2025.