A caminho dos
Óscares 2025
O Brasil, que nunca ganhou um Óscar, torce para que o seu filme "Ainda Estou Aqui", sobre o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura e a resistência da sua viúva Eunice, traga a sua primeira estatueta dourada.
Nomeada para Melhor Filme, uma estreia absoluta para o cinema brasileiro e a língua portuguesa, e Melhor Filme Internacional, a produção dirigida por Walter Salles ("Diários de Che Guevara") também colocou a sua protagonista, Fernanda Torres, na disputa da categoria de Melhor Atriz, após conquistar um Globo de Ouro histórico no início da temporada.
O filme concorre, entre outros, com "Emília Pérez", o musical do realizador francês Jacques Audiard que aborda o mundo do narcotráfico e foi rodado quase todo em castelhano.
Embora a produção da Netflix tenha ficado no topo com 13 nomeações, incluindo de Melhor Filme, foi fortemente ofuscada por comentários racistas partilhados há anos nas redes sociais pela sua protagonista, a espanhola Karla Sofía Gascón, e pelas críticas oficiais do México à maneira como o país foi retratado.
"Anora" e "Conclave" parecem estar empatados na disputa pelo Óscar de Melhor Filme este domingo em Los Angeles, Califórnia. Um acompanha uma 'striper' em Nova Iorque e outro é um 'thriller' com cardeais que se passa no Vaticano.
Com uma temporada de prémios peculiar afetada pelos incêndios de Los Angeles em janeiro e um escândalo sobre publicações racistas, a batalha pelo maior prémio de Hollywood está prestes a terminar.
"Não acho que alguém possa realmente dar a palavra final" sobre o que vai acontecer, disse o especialista em prémios Scott Feinberg, da revista especializada The Hollywood Reporter.
"Ambos os lados estão mais ansiosos do que confiantes... isso deve ser um sinal de que esta é realmente uma disputa acirrada", disse à agência France-Presse (AFP).
"Anora", dirigido por Sean Baker, é o filme mais premiado até agora.
Conta a história de uma dançarina exótica que se casa com o filho de um oligarca russo, apenas para descobrir mais tarde que o seu casamento dos sonhos é, na verdade, um pesadelo.
A produção independente de baixo orçamento já ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e recebeu troféus da crítica, além dos sindicatos de diretores, produtores e argumentistas de Hollywood.
Mas "Conclave", que gira em torno do processo secreto de escolha do novo líder da Igreja Católica no momento em que o papa Francisco enfrenta problemas de saúde, parece ter conquistado muitos votos tardios.
Lançado pela Focus Features - dos estúdios NBCUniversal - e apresentando um elenco impecável liderado por Ralph Fiennes, o filme conquistou prémios nos Baftas britânicos e na cerimónia dos Screen Actors Guild (SAG).
Quase todos os filmes que surpreenderam ao levar o prémio de Melhor Filme nos últimos anos, incluindo "A Paixão de Shakespeare", "O Caso Spotlight", "Parasitas" e "CODA - No Ritmo do Coração", conquistaram antes o SAG para Melhor Elenco, disse Feinberg.
"Pessoalmente, vou por 'Conclave' (...) é um 'Melhor Filme' mais tradicional e clássico", disse um votantes dos Óscares à AFP sob condição de anonimato.
Recordes
Adrien Brody, que interpreta um talentoso arquiteto e sobrevivente do Holocausto em "O Brutalista", é considerado há meses o favorito para ganhar o Óscar de Melhor Ator.
Mas Timothée Chalamet recebeu muitos elogios por interpretar um jovem Bob Dylan em "A Complete Unknown" e pode estragar o dia de Brody.
Aos 29 anos, é provavelmente a estrela mais poderosa entre os nomeados e pode tirar o recorde de Brody (que venceu em 2003 com "O Pianista") como o ator mais jovem a vencer na categoria.
Brody é "a escolha mais segura", disse Feinberg, supondo que votantes suficientes da Academia assistiram à história de três horas e meia.
No entanto, vários membros da Academia "ficaram chateados por ficarem fechados numa sala durante todo esse tempo", disse o votante dos Óscares à AFP.
Regresso triunfal
Pode haver uma vencedora ainda mais jovem no lado das atrizes, se a vaga de apoio a "Anora" levar a sua estrela, Mikey Madison, 25 anos, ao palco dos Óscares.
Para isso, terá que derrotar Demi Moore, a estrela dos anos 1990 que vive um renascimento efervescente na carreira graças ao seu filme de terror corporal "A Substância".
"Hollywood adora uma história de superação", observou o votante ouvido pela AFP.
Karla Sofía Gascón não parece ser favorecida pelas previsões devido ao seu escândalo, embora a sua colega de elenco Zoe Saldaña continue a ser a favorita para ser coroada como Melhor Atriz Secundária.
Enquanto isso, Kieran Culkin, que em "A Verdadeira Dor" interpretou um primo carismático, mas complicado, que viaja para a Polónia em busca das suas raízes familiares, parece prestes a conquistar Melhor Ator Secundário, após ganhar quase todos os prémios da temporada na categoria.
Estrelas de "Wicked"
A cerimónia, apresentada pela primeira vez pelo comediante Conan O'Brien, terá certamente alguns momentos emocionantes.
Homenageará os bombeiros que lutaram contra os graves incêndios florestais que devastaram Los Angeles em janeiro, matando pelo menos 29 pessoas.
Números musicais irresistíveis também são esperados, um deles com as estrelas de "Wicked", Ariana Grande e Cynthia Erivo.
Pela primeira vez, a gala será transmitida na plataforma Hulu, além da rede de televisão ABC, e na Disney+ noutros países, incluindo Portugal, além da RTP1.
A 97.ª edição do Oscar começa às 16h00 locais no domingo, meia-noite de segunda-feira em Lisboa.
O SAPO também terá uma cobertura especial pela noite dentro com acompanhamento ao minuto, atualização de todos os vencedores e análise dos principais acontecimentos, da passadeira vermelha até à cerimónia.
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