A caminho dos
Óscares 2025
O rico legado de mais de 50 álbuns de Bob Dylan é um contraponto à música moderna 'narcisista' focada em 'eu, eu, eu', disse à agência France-Presse (AFP) o realizador do novo filme sobre a história verídica e eletrizante por detrás da ascensão de um dos mais icónicos cantautores de sempre que chega esta semana às salas portuguesas reforçado com nomeações para os Óscares.
James Mangold, que passou em Paris antes da estreia francesa de "A Complete Unknown", disse que mergulhar no início da carreira de Dylan na década de 1960 significou imergir num mundo diferente e mais simples.
“Ficou muito evidente ao fazer o filme que não apenas a música do Bob, mas aquela época era diferente na música ”, disse o diretor de “Indiana Jones 5” (2023), “Le Mans '66: O Duelo” (2019) e outra célebre biografia musical, "Walk the Line" (2005), sobre Johnny Cash e June Carter.
“E sinto que a maior parte da música agora é tão narcisicamente sobre 'eu, eu, eu'. 'Magoaste-me'. 'Sinto-me blá, blá, blá'. 'Traíste-me'. 'Não foi simpático o que fizeste comigo'", acrescentou, recitando os familiares temas modernos da música pop de Taylor Swift a Beyoncé.
E esclarece: "A música era mais do que apenas eu, eu, eu (na era de Dylan). Era sobre o mundo. Era sobre os mistérios do mundo. E sinto falta disso."
A solidão da genialidade
"A Complete Unknown", protagonizado por Timothée Chalamet, foi bem recebido pela crítica e recebeu oito nomeações para os Óscares na semana passada, nomeadamente para Melhor Filme, Realização, Ator Principal e Atores Secundários (Edward Norton e Monica Barbaro).
Mangold disse que a intenção era ser um estudo sobre "a solidão da genialidade" e as dificuldades da celebridade para Dylan.
“Um grande artista, mas talvez não muito bom a ser famoso”, sugeriu.
“Ele descreveu a sensação de ser Bob Dylan em 1962 ou 1963 como sendo de solidão, de forma muito específicas: a solidão de ir de automóvel para o seu concerto, a solidão de estar no palco sozinho com a sua guitarra”, disse Mangold.
Onde muitas pessoas consideraram o comportamento de Dylan arrogante e chegaram à conclusão que era um "idiota", como diz Joan Baez por duas vezes (Monica Barbaro), o realizador pergunta: "E se ele não é um idiota? E se for a solidão?"
Dylan gravou umas notáveis 300 canções apenas nos seus primeiros três anos no mundo da música.
O autor de "Mr. Tambourine Man", "Like a Rolling Stone" e "Desolation Row" é adorado pelos fãs pela sua música e estilo literário.
Recebeu o prémio Nobel de literatura de 2016 “por ter criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição musical americana”, segundo o comité. Não foi à cerimónia.
“Não sei como consegui escrever estas canções. Essas primeiras foram escritas quase que por magia”, contou ao canal CBS numa entrevista em 2004.
TRAILER.
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