Xavier Dolan tem um novo projeto para o cinema.

A revelação foi feita pelo próprio realizador e ator durante a 16.ª edição do Festival Lumière, organizado na cidade de Lyon por Thierry Frémaux, o diretor geral do Festival de Cannes.

Descrito muitas vezes como o "enfant terrible" e prodígio do cinema canadiano, será o seu primeiro trabalho para o grande ecrã desde 2019, depois de ter dirigido oito filmes numa década, incluindo os premiados "Amores Imaginários" (2010), "Laurence Para Sempre" (2012), "Tom na Quinta" (2013), "Mamã" (2014) e "Tão só o Fim do Mundo" (2016).

Citado pela revista Variety, Dolan disse ao público de uma sessão especial de "Mamã" que o argumento estava pronto e esperava avançar com a rodagem em 2025.

A história "decorre em 1895 no mundo das elites, o mundo literário parisiense e também no campo", com o realizador a descrever o projeto como "uma amálgama de vários géneros" que, sem ser um filme de terror, terá "certamente aspetos ou momentos horríveis” e “muitas partes cómicas”.

No ano passado, Dolan estreou uma primeira produção televisiva ("A Noite em que Logan Despertou", disponível na Filmin) e surpreendeu os fãs ao partilhar nas redes sociais que poderia não voltar a filmar: "o meu estado de espírito atual e o estado do mundo não me inspiram a seguir o que antes era uma vocação inevitável”.

Ao público de Lyon, o realizador descreveu o seu último trabalho para o grande ecrã, “Matthias & Maxime” (2019) como um "filme de cicatrização em que me rodeei dos meus melhores amigos” após ter enfrentado "fracassos", numa referência à desilusão artística e comercial de "A Minha Vida com John F. Donovan" (2018).

Falando na grande paragem para o grande ecrã, que poderá ser de sete anos se o novo projeto estrear em 2026, o realizador diz que, aos 35 anos, entrou num segundo capítulo da carreira.

“Levanto-me de manhã, leio, quero compreender o mundo em que vivemos, e às vezes neste mundo o cinema torna-se secundário. É uma forma de escapar deste mundo, mas é difícil ignorar o que está a acontecer em Gaza, no Líbano, impossível para mim negar o nosso meio-ambiente frágil, negar que tudo o que vejo tira a atenção do meu pequeno gesto artístico. Se esperei tanto para fazer outro filme é porque não tinha mais vontade nem energia, e sabia que não adianta fazê-lo sem essa paixão, essa força”, explicou.