Três mulheres acusaram o famoso realizador de cinema espanhol Carlos Vermut de alegadamente abusar da sua posição para manter relações sexuais violentas sem consentimento, segundo uma investigação publicada esta sexta-feira (26) pelo jornal El País.
Devido ao medo de perderem os seus empregos ou de não conseguirem um, as mulheres, todas ligadas ao setor audiovisual ou cultural, não denunciaram o cineasta - vencedor, há uma década, de uma Concha de Ouro do Festival de San Sebastián.
Vermut, agora com 43 anos, era mais velho que duas das jovens quando os alegados incidentes ocorreram, entre maio de 2014 e fevereiro de 2022, conforme indicado pela investigação jornalística.
O primeiro depoimento é de 2014, exatamente quando a carreira de Vermut, considerado um realizador talentoso e argumentista, descolava graças à boa receção da crítica em relação à sua segunda longa-metragem, "Rapariga Mágica", que lhe rendeu, no mesmo ano, a Concha de Ouro de Melhor Filme e a Concha de Prata de Melhor Realização no Festival de San Sebastián.
A mulher, que trabalhava no setor e admirava a sua obra, relatou ao jornal a forma como, depois de conhecê-lo num bar e começar uma sedução consentida, Vermut mudou de atitude e alegadamente a forçou a ter relações sexuais sem proteção, e com um grau de violência que ela não tinha autorizado, chegando a ser estrangulada.
O relato de outra das mulheres, que pediram para permanecer sob anonimato, também faz referência a relações "com uma violência" não consentida, nas quais chegaram a sentir "medo".
O terceiro caso é o de uma estudante de cinema que, segundo o depoimento, Vermut tentou forçar.
Questionado pelo jornal, o realizador, cujo nome verdadeiro é Carlos López del Rey, negou todas as acusações e afirmou não estar "consciente de ter cometido violência sexual contra nenhuma mulher", embora tenha reconhecido ter "estrangulado pessoas, sim, mas de forma consentida".
"Sempre pratiquei sexo mais intenso, mas sempre de forma consentida, porque acredito que o consentimento é muito importante", disse ao El País.
As acusações contra Vermut geraram muitas reações nas redes sociais, onde houve mensagens de apoio às denunciantes.
"Obrigado às mulheres que tiveram a coragem de contar as suas experiências. Vocês não estão sozinhas", escreveu o partido Sumar, que faz parte da coligação do governo espanhol de esquerda, na rede social X, antigo Twitter.
Desde o surgimento do movimento #MeToo, em 2017, que começou a denunciar casos de assédio e abuso de homens poderosos na indústria do entretenimento nos EUA, figuras do mundo do cinema têm sido acusadas ou apontadas por comportamentos alegadamente abusivos em vários países.
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