“A Associação Portuguesa de Museologia (APOM) considerar o MIAA como o Museu do Ano é um orgulho imenso, um orgulho de uma comunidade inteira e de um trabalho extraordinário que temos vindo a fazer”, disse à Lusa Manuel Jorge Valamatos, presidente daquele município do distrito de Santarém, tendo lembrado o “trabalho estratégico” desenvolvido em torno de uma Rede de Museus em Abrantes e que valeu em 2018, o prémio de Museu do Ano ao Museu Metalúrgica Duarte Ferreira, no Tramagal, equipamento integrado naquela rede museológica.
O galardão foi anunciado numa cerimónia realizada no Museu do Ar, em Pero Pinheiro, concelho de Sintra, pela APOM, com a presença de dezenas de profissionais do setor dos museus e museologia, nomeadamente a presidente do Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla em inglês), Emma Nardi, com o autarca de Abrantes presente na plateia, acompanhado do vereador da Cultura, Luís Dias, e outros responsáveis pelo MIAA e pela Rede de Museus de Abrantes.
“É um prémio que nos vem responsabilizar em continuar a fazer um trabalho extraordinário com a equipa que temos de Cultura no MIAA e na nossa Rede de Museus, e este é um prémio que também nos impulsiona e que nos motiva a continuar a trabalhar”, acrescentou o autarca.
O MIAA está instalado no Convento de S. Domingos, edificado no século XVI, e é considerado pela autarquia “peça central do património edificado da cidade de Abrantes”, tendo o projeto de requalificação, da autoria do arquiteto João Luís Carrilho da Graça, sido distinguido com o Prémio Nuno Teotónio Pereira 2022, na vertente de reabilitação urbana.
A Rede de Museus de Abrantes, em que o MIAA assume um papel de liderança, inclui o Panteão dos Almeida (vencedor dos prémios “People´s Choice Award 2022” e “Interior Exhibition & Museum”, em 2022), o Museu MDF – Metalúrgica Duarte Ferreira, em Tramagal (Prémio Museu do Ano em 2018), quARTel – Galeria Municipal de Arte e, em breve, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) Charters de Almeida, a instalar no Edifício Carneiro, cuja obra se encontra em fase de conclusão.
“Estamos em vésperas de inaugurar mais um museu, o MAC, e este é o reconhecimento de uma cidade, de uma região, que muito tem puxado para mobilizar todos em torno do turismo e da atração de pessoas […] e ficamos muito orgulhosos por um prémio que consideramos muito justo e que envolve muita gente, desde a sua conceção, à construção e, depois, agora, ao dia-a-dia, com dinâmicas sempre com registos de mobilização de pessoas para nos procurar”, afirmou.
O MIAA foi inaugurado a 8 de dezembro de 2021, ocupando parte significativa do antigo Convento de S. Domingos. Ali foram concentrados os acervos de arqueologia e arte do município e da Coleção Estrada, bem como a obra da pintora Maria Lucília Moita, acervos que têm vindo a ser alvo de exposições, num espaço que revisita culturas e civilizações através de artefactos e obras de arte da pré-História à atualidade.
As exposições permanentes estão organizadas em oito núcleos: “Escultura Romana”, “Pré-História”, “Idades do Bronze e do Ferro”, “Antiguidade”, “Tesouro”, “Arte da Idade Média e Idade Moderna”, “Escultura da Idade Média e do Renascimento em Abrantes”, e “Pintura de Maria Lucília Moita” (1928-2011), artista que fixou residência em Abrantes, em 1954.
Além deste acervo, o MIAA contém a Coleção Estrada, com 1500 peças de arqueologia e arte, cedida à autarquia pelo colecionador João Estrada (1923-2018).
O projeto de museologia é de Luiz Oosterbeek e Fernando António Batista Pereira, concebido em parceria com o Serviço de Património e Museus do Município de Abrantes, segundo informação constante do sítio 'online' do MIAA.
O principal prémio do palmarés com 25 categorias tinha também como finalista o Museu do Caramulo, no concelho de Tondela, distrito de Viseu, que recebeu uma menção honrosa, indicou a APOM.
Sobre a justificação da escolha do MIAA para Museu do Ano, disse que esteve relacionada com "a junção entre o património cultural arqueológico e a requalificação de um edifício histórico, tornando-o um projeto de grande qualidade na área da recuperação territorial, que muito dignifica o país".
O Prémio Museu do Ano é uma das principais distinções atribuídas pela APOM, que também abrangem, entre outras áreas, melhor intervenção e restauro, melhor exposição, parceria, projeto internacional, coleção visitável, colecionador e investigação.
Na área de marketing e comunicação, outro dos prémios atribuídos, foi distinguido o projeto Joia Açoreana, tendo a secretária regional da Educação e dos Assuntos Culturais dos Açores, Sofia Ribeiro, sublinhado igualmente "um trabalho que decorre de toda a dinâmica de toda a equipa dos museus" da região.
"Este prémio distingue o trabalho que foi feito no último ano. Isto distingue o trabalho de projeção da diversificação da nossa cultura, da promoção dos nossos museus e honra-nos muito esta distinção", vincou a governante, em declarações aos jornalistas.
Sofia Ribeiro explicou que o projeto foi desenvolvido pela direção regional dos Assuntos Culturais, através da criação de "joias com elementos ilustrativos de cada um dos museus açorianas", verdadeiras "peças de joalharia", que posteriormente foram alvo de "um trabalho de promoção [...] que mereceu esta distinção a nível nacional".
O projeto Joia Açoriana pretende valorizar os museus da Região e as suas coleções, como espaços de inspiração e de conhecimento, na realização das mais diversas atividades, segundo informação disponibilizada no site da direção regional dos Assuntos Culturais.
É constituído por 51 joias, inspiradas em peças emblemáticas das coleções ou nos edifícios dos oito museus dos Açores, Ecomuseu do Corvo e Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas.
Desenhada e executada por Manuela Ferraz e Carlos Fontes, a coleção foi fotografada por Rui Caria, com interpretação da bailarina Maria João Gouveia e pretende realçar a criatividade associada os museus açorianos.
No ano passado, o prémio Museu do Ano foi para o Museu Municipal da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e, em 2021, foi vencedora a Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, dedicada à vida e obra do poeta de "Chuva Oblíqua".
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