Um tribunal de recurso do Ruanda confirmou, esta segunda-feira, a sentença de 25 anos de prisão por "terrorismo" do opositor Paul Rusesabagina, cuja história inspirou o filme "Hotel Ruanda", negando o pedido da Procuradoria de uma pena maior.
"Por ser um infrator sem antecedentes, o tribunal estima que a sua pena não deve ser agravada. Os 25 anos a que foi condenado estão de acordo com o peso dos seus crimes, pelos quais o tribunal mantém a sentença", declarou o juiz François Regis Rukundakuvuga, no final de um dia de audiências.
Paul Rusesabagina, de 67 anos, conhecido por ser um virulento opositor do presidente ruandês, Paul Kagame, foi declarado culpado em primeira instância "de ter fundado e pertencido" à Frente de Libertação Nacional (FLN). Este grupo armado é acusado de ter cometido ataques sangrentos em Ruanda em 2018 e 2019.
Em setembro passado, ele foi condenado a 25 anos de prisão. A Procuradoria, que pediu prisão perpétua, recorreu do conjunto das penas contra Rusesabagina e os seus 20 coacusados.
Rusesabagina, detido desde agosto de 2020, e os seus advogados denunciaram um processo "político", além de maus tratos ocorridos durante a sua prisão.
Ele ficou famoso com o filme "Hotel Ruanda" (2004), que relata como este hutu moderado salvou mais de mil pessoas durante o genocídio de 1994, que causou 800 mil mortes, essencialmente tutsis. O seu papel foi interpretado por Don Cheadle, que foi nomeado para os Óscares.
Depois usou a sua fama para se opor ao presidente Paul Kagame, a quem acusou de autoritarismo e de alimentar um sentimento anti-Hutu.
A partir de 1996, viveu exilado nos Estados Unidos e na Bélgica antes de ser detido em Kigali em 2020, em circunstâncias pouco claras, ao descer de um avião que ele acreditava que o levava para o Burundi.
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