O opositor ruandês Paul Rusesabagina, que inspirou o filme "Hotel Ruanda", sobre o genocídio tutsi, chegou ao Qatar esta segunda-feira, após passar mais de 900 dias preso no seu país, informaram fontes diplomáticas.
O opositor, de 68 anos, passará por exames médicos em Doha antes de embarcar na quarta-feira para os EUA, onde é residente permanente, detalharam as fontes.
Rusesabagina foi condenado no Ruanda a 25 anos de prisão por terrorismo, mas a sua pena foi comutada pelo presidente Paul Kagame em virtude de um acordo entre os EUA e o Ruanda com a ajuda do Qatar.
Atribui-se a Rusesabagina - que foi gerente de um hotel na capital ruandesa, Kigali - ter ajudado 1.200 pessoas a escaparem do genocídio de Ruanda, em 1994. Durante o massacre, cerca de 800 mil pessoas morreram, a maioria delas tutsis, mas também hutus moderados. A sua história inspirou o filme "Hotel Ruanda", nomeado aos Óscares em 2005, o que lhe deu notoriedade.
Rusesabagina foi preso depois de um processo que os seus partidários criticaram como uma “farsa” e disseram que o julgamento estava repleto de irregularidades. Ele foi acusado de apoiar a Frente de Libertação Nacional (FLN), um grupo insurgente responsabilizado por ataques em Ruanda em 2018 e 2019.
Rusesabagina nega qualquer envolvimento nos ataques, mas é um dos fundadores do Movimento Ruandês pela Mudança Democrática (MRCD), um grupo de oposição do qual a FLN é considerada o braço armado.
As negociações para a sua libertação começaram no fim de 2022 e tiveram avanços significativos na semana passada, após discussões entre o presidente Kagame e o emir do Qatar, segundo uma fonte ligada ao caso.
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