“Há no teatro, como em todas as artes, figuras que todos conhecem e outras que todos respeitam, mesmo que não tenham um reconhecimento público mais alargado. Rogério de Carvalho pertencia a estes últimos”, escreve Marcelo Rebelo de Sousa, numa mensagem publicada na página da Presidência da República, na Internet.
O encenador Rogério de Carvalho, de 88 anos, morreu no sábado à noite no Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde se encontrava internado desde o passado dia 15, na sequência de um acidente vascular cerebral.
Marcelo Rebelo de Sousa lembra como o teatro de Rogério de Carvalho “esteve sempre próximo dos grupos independentes”, dando como exemplo o trabalho desenvolvido, "com especial assiduidade, com o Teatro Griot e [a Companhia de] Teatro de Almada, onde encenou Molière, Racine, Tchékhov ou Strindberg”.
“No teatro contemporâneo, cultivou a radicalidade de Fassbinder e de Howard Barker”, frisa.
Além dos prémios atribuídos a Rogério de Carvalho pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, o Chefe de Estado lembra que o encenador “ganhou a admiração dos que foram seus alunos, atores e colaboradores, que lhe elogiavam o rigor, o sentido pedagógico e a invenção”, acrescenta Marcelo Rebelo de Sousa endereçando ainda “sentidos pêsames” aos familiares, colegas e amigos do encenador.
Rogério de Carvalho dedicou grande parte da sua carreira de 60 anos no teatro a textos de dramaturgos como Jean Genet, Bernard-Marie Koltès, Rainer Werner Fassbinder, Howard Barker, Eugene O'Neill e Anton Tchekhov, sem esquecer clássicos como Molière e Gil Vicente, nem tão pouco origens do drama, de Platão a Eurípides e ésquilo.
Nascido em setembro de 1936, em Gabela, Angola, Rogério de Carvalho iniciou a sua carreira ainda enquanto aluno do Conservatório Nacional de Lisboa, atual Escola Superior de Teatro e Cinema, na qual lecionou até 2007.
Breyten Breytenbach, Peter Handke, Arthur Schnitzler, Pierre de Marivaux foram outros dramaturgos que trouxe para os palcos portugueses.
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