O romance, oitavo título em Portugal da vencedora do Nobel de Literatura do ano passado, é editado na coleção Dois Mundos da chancela Livros do Brasil, e tem tradução de Tânia Ganho.
Segundo a editora, trata-se de “um relato cru e pessoalíssimo”, em que a escritora francesa volta a evocar sua mãe.
Se em “Uma Mulher”, editado em novembro passado, a autora “refletia o sofrimento da perda da progenitora, evocando os seus mais importantes marcos biográficos e a memória dos momentos mais doces com ela partilhados”, este novo romance é um “diário [em] que encontramos a estranheza, o choque, a frustração, o medo, a repugnância até, de já não conseguir rever naquele ser o outro que outrora fora."
Annie Ernaux “antevê na mãe – agora reduzida a criança, mas que nunca crescerá – a sua própria velhice, a ameaça da degradação do seu corpo".
“Entre a minha vida e a minha morte, só me resta ela, demente”, escreve a autora.
Este ano, da autora francesa foram publicados em Portugal “Memória de Rapariga”, em março, no qual a escritora regressa ao verão de 1958 e à colónia de férias onde, pela primeira vez, passou a noite com um homem, e “Jovem”, saído em janeiro.
Anteriormente, nesta coleção tinham sido publicados “'Um lugar ao sol' seguido de 'Uma mulher'”, “Uma paixão simples”, “O acontecimento” e “Os anos”.
Nascida em Lillebonne, na Normandia, em 1940, Annie Ernaux estudou nas universidades de Ruão e de Bordéus, sendo licenciada em Letras Modernas.
Atualmente, é considerada uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes.
Galardoada com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) pelo conjunto da sua obra, destacam-se os seus livros “Um lugar ao sol” (1984), vencedor do Prémio Renaudot, e “Os anos” (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional.
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