Os cineastas franceses Benoît Jacquot e Jacques Doillon, acusados pela atriz Judith Godrèche e outros artistas de violência sexual, foram detidos na segunda-feira para interrogatório, informaram à France-Presse (AFP) fontes próximas do caso.
Os dois homens, que negam as acusações, compareceram na Direção Regional da Polícia Judiciária (DRPJ) de Paris acompanhados das suas advogadas, informou um jornalista da AFP.
Jacquot “finalmente poderá expressar-se em tribunal”, explicou a sua advogada Julia Minkowski, que criticou o facto de o seu cliente ter sido detido após entrar na esquadra.
"Um interrogatório livre deveria ter sido escolhido", acrescentou.
Marie Dosé, advogada de Jacques Doillon, afirmou que “nenhum critério legal justifica esta medida” de detenção, especialmente tendo em conta a antiguidade dos factos relatados por Judith Godrèche, com 36 anos e prescritos há mais de duas décadas.
Ambos as advogadas denunciaram a violação da presunção de inocência dos seus clientes.
As detenções poderão permitir acareações entre os realizadores e algumas das atrizes que os acusam, incluindo Godrèche, segundo fontes próximas do caso.
Em fevereiro, a atriz de 52 anos acusou publicamente primeiro Benoît Jacquot de violação e depois Jacques Doillon de agressão sexual, e apresentou as queixas correspondentes em tribunal.
A investigação da Procuradoria de Paris centra-se em alegados crimes como violação de um menor com menos de 15 anos por uma pessoa com autoridade, violação, violência doméstica e agressão sexual de um menor com menos de 15 anos por uma pessoa com autoridade.
Jacquot e Godrèche começaram o relacionamento na primavera de 1986, quando ela tinha 14 anos, e viveram juntos abertamente até à separação em 1992, chegando a comprar um apartamento em Paris.
Godrèche descreveu a relação como de "dominação" e "perversão".
Os pais da atriz concordaram em dar-lhe emancipação legal para continuar aquela relação, que ficou conhecida na comunicação social e no mundo do cinema.
Duas outras atrizes denunciaram Jacquot: Julia Roy por agressão sexual, e Isild le Besco, no final de maio, por violação de menor de 15 anos e violação, alegadamente ocorrido entre 1998 e 2007.
Jacquot, realizador com mais de 50 filmes e filmes para TV em seu nome, como "L'école de la chair" (1998),"Sade" (2000), "Adeus, Minha Rainha" (2012), "3 Corações" (2014), "Diário de Uma Criada de Quarto" (2015) e "Eva" (2018), disse que precisava estar “apaixonado” pelas suas atrizes para filmá-las.
Ele trabalhou com pesos pesados consagrados como Catherine Deneuve e Isabelle Huppert, mas também com Virginie Ledoyen - conhecida internacionalmente pelo 'thriller' de 2000 "A Praia" - e Le Besco quando era adolescente.
Em 2015, ele descreveu o seu trabalho como “empurrar uma atriz para ultrapassar um limite... a melhor maneira de fazer tudo isso é estar na mesma cama”.
Já Doillon tem trinta filmes no seu currículo, com destaque para o premiado "Ponette" (1996) e "La drôlesse" (1979), "A Pirata" (1984), "O Pequeno Criminoso" (1990), "Le jeune Werther" (1993) e, mais recentemente, "O Casamento a Três" (2010) e "Rodin" (2017).
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