Leonardo DiCaprio prestou depoimento esta segunda-feira em Washington num julgamento por corrupção contra uma estrela do hip-hop da década de 1990 e um financeiro malaio caído em desgraça.
Pras Michel, membro do trio americano Fugees, é acusado de ajudar a direcionar secretamente dinheiro do empresário malaio Low Taek Jho para influenciar a política americana.
DiCaprio contou ao júri como eram as festas financiadas por Low com dinheiro alegadamente roubado do fundo soberano da Malásia, conhecido como 1Malaysia Development Berhad, ou 1MDB.
A estrela de "Titanic" (1997), chamada para depor pela procuradoria, não é acusado de irregularidades no que se tornou um dos maiores casos de desvio de fundos do mundo.
Segundo o ator de 48 anos, Low organizou uma "série de festas luxuosas com muitas pessoas diferentes de todo o mundo" em barcos e clubes noturnos, onde costumavam ir celebridades, entre elas Michel.
DiCaprio disse que conheceu Low por volta de 2010 numa festa em Las Vegas, embora tenha uma lembrança vaga dessa noite.
Depois disso, Low passou a convidá-lo regularmente para festas, incluindo uma no Ano Novo, em que voaram da Austrália para os EUA num avião particular para ver os relógios baterem meia-noite duas vezes.
"Pensei que ele era um grande homem de negócios com muitas ligações diferentes em Abu Dhabi, Malásia... Uma espécie de prodígio no mundo dos negócios, incrivelmente bem-sucedido", contou DiCaprio.
Quando Low demonstrou interesse em financiar o filme "O Lobo de Wall Street" (2013), protagonizado por DiCaprio, os advogados do ator e um detetive particular investigaram o financeiro malaio e, por fim, deram luz verde.
"Isso significa que a verificação de antecedentes foi boa e que ele foi considerado um homem de negócios legítimo", explicou.
Além disso, DiCaprio aceitou presentes de Low para a sua fundação ecológica.
Mas em 2015, relatou o ator, cortou os laços com Low após suspeitas de que ele estava envolvido no desaparecimento de muitos mil milhões de dólares das contas do 1MDB.
Low, que alegadamente fugiu para a China e continua foragido, teria usado o dinheiro para financiar o seu estilo de vida, investir no filme de DiCaprio, confraternizar com os ricos e famosos e influenciar a política.
O malaio "mencionou por alto que (...) iria fazer uma contribuição significativa ao Partido Democrata", disse DiCaprio.
"Uma quantia significativa, à volta de 20 a 30 milhões de dólares", notou.
De acordo com a procuradoria, o membro dos Fugees ajudou em segredo a injetar dinheiro de Low na campanha de reeleição de 2012 do então presidente americano Barack Obama, através de empresas fictícias.
Nos EUA, é ilegal que estrangeiros façam doações para campanhas políticas.
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