"Estamos no caminho certo", comunicaram numa das últimas notas lidas pelo juiz Curtis Farber, antes de interromperem seus debates a porta fechada no tribunal de Nova Iorque.

Os 12 membros do júri devem decidir por unanimidade se o ex-produtor, acusado desde 2017 por dezenas de mulheres de ser um predador sexual, é culpado de agredir, em 2006, tanto a ex-assistente de produção Miriam Haley como a ex-modelo Kaja Sokola, e de violar a aspirante a atriz Jessica Mann em 2013.

O fundador dos estúdios Miramax, responsável por filmes de culto como "Pulp Fiction" e por inúmeros sucessos como "A Paixão de Shakespeare", foi condenado em 2020 a 23 anos de prisão pelos factos relativos a Haley e Mann, durante um julgamento que simbolizou então uma vitória do movimento #MeToo.

Após seis semanas de debates, o júri mostrou-se dividido com a retoma das deliberações esta segunda-feira.

O seu representante pediu um espaço com o juiz para "confiar-lhe que alguns estão a pressionar outros", falando sobre o "passado" de Weinstein sem examinar os factos pelos quais está a ser julgado, segundo a transcrição da discussão fora da sala, fornecida pelo tribunal.

Denunciando um "júri tendencioso", Arthur Aidala, advogado de Weinstein, solicitou imediatamente a anulação do julgamento, mas o juiz negou o pedido.

O júri também pediu ao magistrado que relembrasse "a definição completa de dúvida razoável" e as condições de unanimidade do veredicto, de culpa ou inocência, "em particular para evitar um júri em desacordo", o que resultaria numa nova anulação do julgamento.

Esses acontecimentos ocorreram após, na sexta-feira, outro membro do júri ter solicitado, sem sucesso, ser dispensado das suas obrigações, alegando um ambiente "de recreio escolar".

Último sinal de distensão, os membros do painel pediram esta segunda-feira, na sua última nota ao juiz, "café" para a manhã seguinte.

Durante os debates, as três alegadas vítimas testemunharam sem ocultar o rosto durante vários dias, para contar como o outrora poderoso produtor as obrigou a manter relações sexuais, após atraí-las para o seu apartamento ou para um quarto de hotel em Nova Iorque.

A defesa fez de tudo para desacreditá-las, apontando incoerências nos seus relatos. Na sua última alegação, Aidala afirmou que as relações sexuais foram consensuais.

Weinstein continua detido porque cumpre outra condenação de 16 anos imposta por um tribunal da Califórnia, também por agressões sexuais.