O julgamento de Gérard Depardieu por agressões sexuais a duas mulheres durante uma rodagem em 2021 foi adiado esta segunda-feira em Paris para 24 e 25 de março de 2025.
Convocado a apresentar-se à Justiça, o ator francês de 75 anos não compareceu, segundo o seu advogado Jérémie Assous, por razões de saúde.
O juiz determinou uma avaliação médica no início de março para confirmar se poderá comparecer.
Depardieu, que atuou em mais de 200 filmes, é a figura de maior destaque a enfrentar acusações de agressão sexual naquela que é considerada a versão francesa do #MeToo, que começou com queixas contra o produtor americano Harvey Weinstein em 2017.
Cerca de 100 pessoas, a maioria mulheres, protestaram em frente ao tribunal.
"Acreditamos nas vítimas, vemos os violadores", gritavam.
O ator já foi acusado por cerca de 20 mulheres de violência sexual e enfrenta duas queixas neste julgamento.
"Nunca abusei de uma mulher", disse o intérprete numa carta aberta publicada pelo jornal Le Figaro em outubro de 2023.
"Espero que a justiça seja igual para todos"
A primeira queixa foi apresentada em fevereiro de 2024 por uma designer de produção que o acusa de agressão sexual, assédio sexual e insultos sexistas durante a rodagem do filme "Les Volets Verts", de Jean Becker, em 2021.
"Espero que a justiça seja igual para todos e que o senhor Depardieu não receba tratamento especial só porque é um artista", disse à France-Presse (AFP) Carine Durrieu-Diebolt, advogada da queixosa.
"A minha cliente espera que os tribunais determinem que Gérard Depardieu é um agressor sexual em série", acrescentou.
Depardieu é "objeto de acusações mentirosas", defendeu Jérémie Assous, que acusou a queixora de 55 anos de buscar uma indemnização de 30 mil euros.
O ator também enfrenta uma segunda queixa feita por outra mulher, assistente de realização no mesmo filme e que o acusa de abusos sexuais.
Anouk Grinberg, uma das atrizes do filme, disse à AFP que Depardieu usava "palavras obscenas (...) da manhã até à noite".
"Quando os produtores contratam Depardieu para trabalhar num filme, sabem que estão a contratar um agressor", denunciou.
A atriz francesa Charlotte Arnould foi a primeira a apresentar uma queixa. Em agosto, a Procuradoria de Paris solicitou que o ator fosse julgado por violação e agressões sexuais neste caso.
Outra investigação também está em andamento em Paris após a queixa de uma ex-assistente de cinema que acusa Depardieu de agressão sexual em 2014.
A jornalista e escritora espanhola Ruth Baza também apresentou uma queixa na Espanha contra o ator por violação, por factos que alegadamente ocorreram na capital francesa em 1995.
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