A má prestação de Joe Biden no debate presidencial contra Donald Trump a 27 de junho está a afetar uma das principais fontes de financiamento do Partido Democrata: Hollywood.
Após uma prestação consensualmente descrita como "desastrosa" (alguns analistas disseram ser a pior de sempre desde 1960, quando os debates presidenciais começaram a ser transmitidos pela TV) e que gerou ondas de choque dentro do Partido Democrata e consternação e dúvidas sobre as suas capacidades, vários jornais nacionais e alguns políticos apelaram ao Presidente de 81 anos para que desistisse da sua candidatura às eleições de 5 de novembro.
Nos últimos dias, alguns dos maiores doadores em Hollywood fazem o mesmo, mas vão mais longe e cortam onde 'dói': o dinheiro.
“Tenciono interromper todas as contribuições ao partido, a menos e até que substituam Biden como candidato. Isto é realismo, não desrespeito. Biden é um bom homem e serviu admiravelmente o seu país, mas os riscos são demasiado elevados", disse a herdeira Abigail Disney esta sexta-feira numa declaração à CNBC (citada pelo Deadline).
A produtora de documentários, filantropa, ativista social e, claro, milionária, apelou a uma união à volta de Kamala Harris: "Temos uma excelente vice-presidente. Se os democratas tolerassem quaisquer que sejam as limitações que lhe apontam, mesmo que fossem um décimo das que toleram a Biden (e não nos iludamos sobre onde a raça e o género figuram nessa desigualdade) e se os democratas pudessem encontrar uma forma de parar de discutir e unir-se à volta dela, podemos vencer esta eleição por uma grande diferença".
Esta sexta-feira também o milionário Barry Dilller, presidente da InterActiveCorp e anteriormente ligado por exemplo à Paramount Pictures e Fox, disse ao The Ankler que ele e a sua esposa Diane Von Furstenberg não continuarão a apoiar a candidatura presidencial de Biden.
Damon Lindelof, o importante produtor ligado a séries como "Lost", "The Leftovers" e "Watchmen", e um veterano doador do Partido Democrático, foi a primeira grande personalidade de Hollywood a apelar publicamente a Biden para que desistisse numa coluna de opinião publicada no Deadline na quarta-feira.
Algumas horas depois, foi a vez de Reed Hastings, fundador da Netflix e também com uma carteira generosa de apoio aos democratas, dizer, citado pelo jornal New York Times, que "Biden precisa afastar-se para permitir que um líder democrata vigoroso derrote Trump e nos mantenha seguros e prósperos”.
Segundo fontes do Deadline, "uma série de outros grandes doadores começou a fechar a torneira do dinheiro".
No entanto, uma maioria terá dito que vai esperar pela entrevista de Biden ao jornalista George Stephanopoulos, que será transmitida esta sexta-feira à noite no canal ABC.
Não obstante a Casa Branca ter desmentido com veemência qualquer intenção de desistir, várias fontes familiarizadas com a reunião ainda na quarta-feira do presidente e da vice-presidente dos EUA com governadores democratas não têm uma forte convicção que exista um caminho viável para continuar quando as principais manchetes que saíram foi ele ter dito que precisava dormir mais e deixar de ter eventos depois das oito da noite.
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