O realizador Bryan Singer é acusado de abuso sexual e violação de menores de idade por quatro homens num artigo de investigação publicado esta quarta-feira pelo The Atlantic .
Os autores do artigo passaram 12 meses a investigar processos judiciais e alegações contra o realizador dos vários títulos da saga "X-Men" e de "Bohemian Rhapsody", tendo falado com mais de 50 fontes.
Nos casos alegadamente terão ocorrido na década de 90 e o artigo salienta que "as acusações contra Singer cobrem um espectro. Algumas das alegadas vítimas dizem que foram seduzidas pelo realizador quando eram menores; outros dizem que foram violadas. As vítimas que entrevistámos disseram-nos que essas experiências os deixaram psicologicamente afetados, com problemas de abusos de substâncias, depressão e stress pós-traumático".
Sobre o realizador e os seus amigos, uma das fontes diz que "se não fosse suficientemente novo ou giro para ser o seu rapaz, ainda podia cair nas boas graças deles trazendo-lhes miúdos".
O advogado de Bryan Singer disse ao The Atlantic que este nega categoricamente ter feito sexo com menores e recordou que nunca foi preso por qualquer crime.
O realizador reagiu numa mensagem enviada por um representante ao Deadline, considerando que se trata de um artigo homofóbido difamatório lançado para se aproveitar do sucesso de "Bohemian Rhapsody".
"Na última vez que escrevi sobre este assunto, a revista Esquira estava-se a preparar para publicar um artigo escrito por um jornalista homofóbico que tem uma obsessão bizarra comigo que vem de 1997. Após uma verificação cuidadosa dos factos e tendo em conta a falta de fontes credíveis, a Esquire optou por não publicar esta peça de jornalismo vingativo. Isto não impediu este jornalista de a vender ao The Atlantic.", escreveu.
"É triste que o The Atlantic se rebaixasse a este baixo padrão de integridade jornalística. Mais uma vez, sou forçado a reiterar que esta história retoma alegações de processos judiciais falsos apresentados por um grupo de pessoas de má reputação dispostas a mentir por dinheiro ou atenção. E não é surpresa que, com 'Bohemian Rhapsody' a ser um êxito premiado, esta peça homofóbica tenha sido convenientemente planeada para tirar proveito do seu sucesso", completou.
Em outubro do ano passado, o realizador tinha efetivamente decidido antecipar-seà Esquire decidiu antecipar-se, garantindo que o artigo iria "reaproveitar acusações falsas e processos judiciais adulterados" com o "objetivo de manchar uma carreira" que levou "25 anos" a construir.
"No atual clima, onde as carreiras das pessoas são prejudicadas por meras acusações, o que a Esquire está a tentar fazer é um negligente desrespeito pela verdade, fazendo suposições que são fictícias e irresponsáveis", escreveu no Instagram, relatando que amigos, colegas e "pessoas que nem sequer conheço" foram contactadas pela revista.
O artigo "foi convenientemente agendado com a estreia do meu filme, 'Bohemian Rhapsody'. Estou imensamente orgulhoso deste filme e do estúdio envolvido", acrescentou na altura.
Embora mantenha o crédito, Singer foi despedido do filme biográfico sobre Freddie Mercury, vocalista dos Queen. As causas apontavas foram um "comportamento instável" e "pouco profissional" que resultaram em ausências sistemáticas da rodagem.
Após dos problemas e da pouca entusiástica reação dos críticos, o filme foi um grande sucesso de bilheteira, ganhou dois Globos de Ouro (Melhor Drama e para o ator Rami Malek) e esta terça-feira foi nomeado para cinco Óscares, incluindo Melhor Filme. Singer não tem particpado na temporada de prémios, mas mantém um apoio ativo nas redes sociais.
Em dezembro de 2017, no que foi visto como mais uma revelação do movimento #MeToo, Singer também negou a acusação de ter abusado sexualmente um jovem de 17 anos em 2003, atacando-o num iate, prometendo que iria defender-se em tribunal até às últimas consequências.
Em abril de 2014, outros dois jovens acusaram-no de violação e de os ter forçado a consumir cocaína, mas acabaram por retirar voluntariamente as queixas, tendo o advogado que os representada sido forçado a pedir desculpa pela ação de um deles, que em 2015 se declarou culpado num caso diferente de fraude.
Em setembro de 2018, no que o The Hollywood Reporter (THR) descreveu como "um passo na reabilitação da imagem", Bryan Singer foi escolhido para levar ao cinema nova versão de "Red Sonja", que é um "spinoff" da banda desenhada "Conan, o Bárbaro".
O estúdio que o contratou justificou a decisão porque "nenhuma das acusações parece ter credibilidade".
[Atualizado com a reação de Bryan Singer às 17h00.]
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