A lenda do cinema Brigitte Bardot foi condenada esta quinta-feira na França por insultos racistas, após chamar os habitantes da ilha francesa de Reunião, no Oceano Índico, de nativos que "preservaram os seus genes selvagens".
Um tribunal de Saint-Denis impôs uma multa de 20 mil euros à antiga atriz, com 87 anos, além de quatro mil euros à sua assessora de imprensa por cumplicidade.
Brigitte Bardot, conhecida pela sua defesa da causa animal, enviou uma carta em 2019 ao então delegado do governo nesta ilha, denunciando a “barbárie dos habitantes de Reunião com os animais”.
“Os nativos mantiveram os seus genes selvagens”, escreveu a protagonista de 'E Deus criou a mulher', que comparou Reunião com “a ilha do diabo”, cuja “população degenerada” ainda está “imbuída” de “tradições bárbaras”.
As suas declarações provocaram uma onda de indignação. A então ministra das Relações Exteriores, Annick Girardin, escreveu-lhe uma carta aberta para dizer que "o racismo não é uma opinião, é um crime".
Um deputado de esquerda, grupos antirracistas e de defesa dos direitos humanos criticaram Bardot, muito próxima da extrema direita e que, no passado, já foi condenada por ódio racial.
Embora tenha pedido desculpa aos habitantes de Reunião, ela justificou as suas palavras pelo "destino trágico" dos animais da ilha, um "absurdo", para Axel Vardin, um dos advogados dos queixosos.
"Fala de reminiscências de canibalismo. Na verdade, é uma reminiscência de um pensamento colonialista", disse Vardin durante o julgamento. As suas palavras são "dolorosas", acrescentou.
Para a advogada de defesa, Catherine Moissonier, defender animais "é a vida de Brigitte Bardot". A angústia dos animais "é uma realidade em Reunião", acrescentou.
Bardot, cansada do desgaste da fama e da perseguição pelos paparazzi, decidiu em 1973, aos 38 anos, terminar a sua carreira e dedicar-se, desde então, à sua segunda paixão: a causa animal.
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