Garth Brooks foi denunciado na quinta-feira perante a Justiça dos EUA por violação, segundo uma ação apresentada contra o cantor de música country na Califórnia, abalando mais uma vez a cena musical americana.
A mulher, uma antiga caracterizadora do cantor e da sua esposa Trisha Yearwood, identificada no processo com o pseudónimo Jane Roe, diz que ele a submeteu em diversas ocasiões a insinuações sexuais não desejadas, como tocá-la nas partes íntimas ou expor-se à sua frente quando trabalharam juntos em 2019.
Horas mais tarde, Brooks respondeu, chamando às acusações de uma extorsão de “milhões de dólares”.
“Nos últimos dois meses, tenho sido incomodado infinitamente com ameaças, mentiras e histórias trágicas sobre como seria o meu futuro se não assinasse um cheque de muitos milhões de dólares. Foi como ter uma arma carregada à minha cara”, diz em comunicado enviado pela sua equipa.
E acrescenta: “Dinheiro para silenciar, não interessa se é muito ou pouco, ainda é dinheiro para silenciar. Na minha opinião, isso significa que estou a admitir um comportamento do qual sou incapaz – atos feios que nenhum ser humano deveria cometer com outro. Entrámos com uma ação contra essa pessoa há quase um mês para nos manifestarmos contra a extorsão e a difamação de caráter. Anonimamente para o bem das famílias de ambos os lados”.
“Quero tocar música esta noite. Quero continuar as nossas boas ações daqui para frente. Parte o meu coração que essas coisas maravilhosas estejam agora em causa. Confio no sistema, não temo a verdade e não sou o homem que descreveram ser”, conclui.
O processo é a ação judicial mais recente contra uma personalidade famosa da indústria musical americana, após uma série de acusações de cunho sexual sacudirem o mundo do cinema e da televisão, fazendo surgir o movimento #MeToo.
Também chega dias depois de cerca de 120 pessoas denunciarem o rapper e produtor musical Sean "Diddy" Combs por abuso sexual, quando já enfrenta acusações federais por associação criminosa e tráfico sexual.
"Os predadores sexuais não estão apenas nas empresas americanas, em Hollywood e nas indústrias do rap e do rock and roll, mas também no mundo da música country", disseram em comunicado enviado à France-Presse (AFP) os advogados de Jane Roe.
"Estamos confiantes de que Brooks será obrigado a responder pelas suas ações", acrescentaram.
O processo apresentado em Los Angeles refere a ação preventiva apresenta em setembro por Brooks também sob um pseudónimo, solicitando uma ordem judicial que impedisse uma "conduta extorsiva" e alegando que a mulher procurava uma compensação milionária.
"O esforço [de Brooks] para silenciar a nossa cliente através de uma ação preventiva no Mississippi não foi mais do que um ato de desespero", sustenta a equipa da queixosa na Califórnia.
O processo de Jane Roe diz que ela trabalhou inicialmente para a esposa de Brooks, Trisha Yearwood, como cabeleireira e maquilhadora, em 1999, e que começou a trabalhar para Brooks em 2017.
O documento afirma que a mulher estava na casa de Brooks quando ele entrou no quarto com o seu pénis ereto e forçou-a a tocá-lo enquanto falava de forma lasciva.
Também diz que, em maio de 2019, os dois viajaram juntos para Las Vegas, onde ela ficou surpreendida ao descobrir que ambos partilhariam uma suite de hotel com apenas um cama.
"De repente, Brooks apareceu na porta da sala, completamente nu. Ele ficou lá e flexionou os músculos. A Sra. Roe imediatamente sentiu uma reviravolta no estômago ao saber que estava presa no quarto com Brooks, sem ninguém para ajudá-la", afirma o texto da ação.
O processo, que pede uma compensação económica não especificada, diz que Roe ficou tão traumatizada pelo ataque que chegou a considerar o suicídio.
Brooks, de 62 anos, ganhou fama nos EUA na década de 1990 com grandes sucessos da música country. Em 2015, superou Elvis Presley com o maior número de discos vendidos por um artista masculino.
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