A residir em Madrid desde 2019, a compositora, cantora e multi-instrumentista de 26 anos editou este ano o disco de estreia, reunindo seis temas naquilo que chama “uma pequenina recompilação” selecionada entre um repertório que ultrapassa a centena e meia de temas.
Há dois anos decidiu dedicar-se mais à música “e a partilhar isso com o mundo”. “E dei-me conta que tinha mais de 150 originais numa caixinha. É muito material, há que soltá-lo”, contou à agência Lusa.
Incentivada pelo público que a abordava no final dos concertos - “perguntavam-me onde me podiam ouvir e chegava a enviar por ‘e-mail’ e Whatsapp gravações que fazia no quarto” -, Natércia Lameiro estreou-se este ano com a edição de um disco que é uma pequena viagem pelo seu universo musical.
As músicas cantadas em português, português do Brasil, francês e inglês surgem ligadas através de histórias sonoras.
“São histórias que não são propriamente óbvias”, já que “estão escondidas em sons dos pássaros do meu jardim, das lagoas dos museus pais, da nascente do rio Lis”, memórias ligadas ao crescimento em Leiria, de onde é natural, mas onde surgem também “a trovoada de Madrid ou sons da Alemanha”, por exemplo.
Em Madrid, Natércia Lameiro vive no bairro Lavapiés, onde encontrou um intenso caldo cultural que serve de reagente à criação.
“Na minha rua já conheci músicos incríveis, muita gente da Argélia, de outros países africanos, também do Brasil, com forró, funk e com muitos ritmos, além, claro, também muito flamenco. Ouço muitas línguas diferentes, tenho artistas a tocar à frente da minha varanda e isso tem sido o mais enriquecedor de viver nesta cidade”, partilhou.
Talvez por isso, descreve a sua fase corrente como “música do mundo”:
“Estou atualmente a fazer música ‘world’, mas acho muito importante explorar outros géneros”, frisou, revelando que anda a ouvir “muita música árabe” depois de já ter tocado “trap, rock, pop, música clássica... Mesmo que não tenhamos as bases, só o facto de tentarmos beber um bocadinho desses géneros é o que faz criarmos o nosso próprio estilo, e que ele seja cada vez mais único”.
A digressão de Natércia Lameiro inicia-se hoje à noite no Teatro Miguel Franco, em Leiria, prosseguindo em Madrid, Espanha, a 14 de janeiro, no centro cultural La Tortuga. De volta a Portugal, a cantautora dá novo concerto em Lisboa, na Fábrica do Braço de Prata, a 4 de fevereiro, viajando depois para Istambul, na Turquia, onde atua a 18 de fevereiro.
Em palco, Natércia toca harpa, concertina, kalimba, guitarra e piano e terá a acompanhá-la o também multi-instrumentista Alejandro Ruiz.
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