Os realizadores partilharam a passagem pela Escola Superior de Teatro e Cinema.
Mónica Santana Baptista,
Hugo Martins,
Tiago Nunes,
Hugo Alves,
Rui Santos e
Patrícia Raposo (por ordem de realização no filme) já tinham trabalhado nas curtas-metragens e outros projectos uns dos outros, mas desta vez assumiram o formato de um colectivo.
Une-os a vontade de fazer cinema – essa «actividade de total paixão feita para além de qualquer consideração pragmática ou racional», assim apresentada por Tiago Nunes.
A produtora Rosa Filmes juntou os seis jovens realizadores (cinco deles nascidos no pós-25 de Abril e o sexto já muito perto, em 1973) para conversarem com a agência Lusa sobre o cinema que se faz hoje e o cinema que eles querem fazer, a dois dias da estreia no IndieLisboa, aguardada por todos com expectativa.
«O Que há de Novo no Amor?» não são seis curtas transformadas numa longa – é um só produto final, que recupera para a contemporaneidade os colectivos de tempos mais revolucionários. Quando se juntam estes seis realizadores não dá «um mais dois mais três», sublinha Tiago Nunes, contrapondo. «São seis visões em confronto e em diálogo, são cruzamentos, são sinergias».
São seis personagens, «é um só filme», diz Hugo Martins, garantindo que a gestão «não foi difícil», admitindo que a experiência «não é repetível».
Não viram as partes filmadas por cada um dos outros até estarem todos prontos. Só na primeira montagem tiveram noção do caminho que o argumento, concebido colectivamente, tinha tomado – foi «um choque», mas «positivo». Em vez de «um constrangimento», serem seis permitiu «coisas novas e extraordinárias para o filme», diz Rui Santos.
«Podia ser assustadora a ideia de juntar seis pessoas, seis criativos, seis autores, mas não se perdeu a individualidade de cada um, só ficou mais forte», destaca Patrícia Raposo.
Houve que fazer cedências – «mais diálogo do que cedências», argumenta Tiago Nunes – e negociar certas coisas para o filme poder ser um todo. «O que não tínhamos em comum também era importante, porque a ideia era manter o estilo próprio e singular de cada um», diz Mónica Santana Baptista.
Quase todos nascidos após o 25 de Abril, quando as primeiras imagens da revolução foram captadas por cineastas «engagé» que acorreram às ruas, organizaram-se num colectivo para fazerem um filme, algo que não se via acontecer há muito tempo. E não rejeitam que haja algo de simbólico nisto. «Somos todos de uma mesma geração, temos todos uma visão do social, do que se está a passar agora», realça Mónica Santana Baptista.
Sublinhando que o cinema nacional tem mudado nos últimos anos e que há um «movimento de associação» em curso, que espelha o que se passa na sociedade civil, Hugo Alves reconhece que este filme «pode ser visto como um sinal dos tempos».
Quanto à pergunta lançada pelo filme, «não há uma resposta», a ideia foi mostrar que «o amor não é simples, é complexo», resume Mónica Santana Baptista.
O filme «é sobretudo sobre a dificuldade de se estar junto actualmente, sobre as cedências, sobre o que é estar com uma pessoa, sobre o não conseguir estar com uma pessoa, sem procurar dar respostas», mas sim «causar alguma reflexão e identificação», descreve Hugo Martins.
Há «desolação e esperança» no filme, que pretende ser um retrato do Portugal de hoje. «Não queríamos personagens, queríamos pessoas, com os diálogos das pessoas, os pensamentos que as pessoas têm, mais ou menos profundos, as suas actividades mais ou menos descabidas», descreve Mónica Santana Baptista.
«O Que há de novo no Amor?» é exibido hoje, às 21:45, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e tem estreia comercial prevista para depois do verão, com a maior distribuidora do país, a Zon Lusomundo.
SAPO/Lusa
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