Está a decorrer por estes dias o Festival Internacional de Cinema de Toronto, o mais importante da América do Norte e uma grande "monstra" de apresentação e venda de filmes para a próxima temporada, que culminará nos Óscares.

Todos os dias o festival apresenta uma programação preenchida com sessões de manhã até à meia-noite em vários locais, tornando um desafio acompanhar todas as estreias mundiais que são oferecidas.

Eis um rápido olhar por três filmes que estrearam este fim de semana na maior cidade do Canadá, todos de talentos também conhecidos por trabalhar à frente das câmaras: : o vencedor do Óscar Taika Waititi, Michael Keaton e a estrela de “Scandal” Tony Goldwyn.

"Next Goal Wins"

"Next Goal Wins"

Taika Waititi recebeu muitos aplausos e risos no domingo com "Next Goal Wins", uma comédia alegre sobre os esforços da seleção de futebol da Samoa Americana para se classificar para o Campeonato do Mundo, pouco mais de uma década depois de perder por 31 a 0 numa partida de qualificação.

O ator e realizador de 48 anos ("Thor: Ragnarok", "O Que Fazemos nas Sombras") escolheu Michael Fassbender contra a sua principal imagem no cinema para um papel cómico como 'manager' holandês-americano Thomas Rongen, enviado para tentar colocar a infeliz equipa em forma.

A história já fora contada em forma de documentário, mas Waititi impregnou esta versão ligeiramente ficcional com o seu sentido de humor excêntrico - uma fórmula vencedora, se os aplausos entusiasmados do público servirem de indicação.

“Queria contar esta história porque é edificante... Nunca havia tentado fazer um filme desportivo, portanto só queria ter um novo desafio e sair da minha zona de conforto”, disse o realizador na passadeira vermelha.

O cineasta maori sente-se em casa em Toronto: a sua sátira nazi “Jojo Rabbit” ganhou o cobiçado prémio do público em 2019 a valeu-lhe um Óscar de Melhor argumento Adaptado.

“Para mim, o mais importante é colocarmo-nos no ecrã – com isso quero dizer os polinésios, os habitantes das ilhas do Pacífico, porque muitas vezes somos esquecidos, principalmente em termos de debate sobre diversidade”, destacou.

Thomas Rongen e a jogadora transgénero Jaiyah Saelua, retratada no filme por Kaimana numa atuação comovente, foram calorosamente recebidos pelo público e juntaram-se a Waititi no palco para uma breve sessão de perguntas e respostas após a exibição.

Waititi enfatizou a importância de representar o personagem de Jaiyah como um Fa'afafine, as pessoas que têm papéis de género fluidos na cultura da Samoa.

"Knox Goes Away"

"Knox Goes Away"

Michael Keaton teve uma dupla função em "Knox Goes Away", dirigindo e protagonizando a história de John Knox, um assassino profissional com perda de memória que está tentar terminar um último trabalho: ajudar o seu filho afastado (James Marsden) a encobrir um assassinato.

O caminho a seguir é complicado e por isso Knox convoca o seu amigo Xavier (Al Pacino) para ajudá-lo a recordar todos os detalhes do seu trabalho antes que seja tarde demais.

Às vezes sombriamente engraçado, o filme ofereceu uma visão única dos estragos da perda de memória e da inclinação para fazer as pazes nos últimos dias.

A contínua greve dos atores de Hollywood fez com que Keaton e outros artistas envolvidos no projeto não comparecessem à estreia, em solidariedade com os seus colegas do sindicato Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), que se juntaram em julho aos argumentistas no piquete.

Alguns dos produtores do filme percorreram a passadeira vermelha.

"Ezra"

"Ezra"

Tony Goldwyn, ator de teatro e cinema conhecido por “Ghost - Espírito do Amor” e por vários anos na série “Scandal”, também é um realizador talentoso, com vários filmes no seu currículo.

Desta vez, ele convocou Robert De Niro, Bobby Cannavale e Rose Byrne para protagonizar “Ezra”, um drama familiar baseado nas experiências do seu amigo e argumentista Tony Spiridakis, na criação de um filho autista.

Cannavale interpreta Max, um comediante que tenta conseguir uma vaga num 'talk show' noturno enquanto se divorcia de Jenna (Byrne, a sua parceira na vida real) e as complexas necessidades do seu filho Ezra (William Fitzgerald).

Uma viagem improvisada - e ilegal - altera a dinâmica familiar e leva a um novo normal para todos, incluindo o pai de Max, Stan (De Niro).

“Sabíamos que não teríamos um filme se não tivéssemos Ezra”, disse Goldwyn ao público nas perguntas e respostas após a exibição no sábado à noite, elogiando Fitzgerald, que é autista e ganhou o papel entre cerca de 100 outros jovens atores.

"Ele tinha coisas pesadas para fazer ao contar esta história e William empenhou-se. Ele é mesmo bom", elogiou.